Resumo: | A formação, conhecimento e comunicação são pedra angular no âmbito de qualquer disciplina profissional, aqui no caso particular uma formação especifica sobre sexualidade na adolescência. Porque o ser humano é por excelência sexuado e a adolescência é a época onde as hormonas invadem e alteram todo o corpo, vemos como imperativo profissional que os enfermeiros dos cuidados de saúde primários tenham os conhecimentos que lhes permitam agir com a naturalidade que se impõe, quando no âmbito da consulta de enfermagem com adolescentes o assunto nos remeta para a esfera da sexualidade (...) preparando-os para uma sexualidade adulta sem grandes reboliços. OBJETIVOS: Identificar e analisar a formação especifica sobre sexualidade dos enfermeiros dos CSP para lidar com adolescentes. METODOLOGIA: Optamos por uma metodologia quantitativa, estudo descritivo-transversal, amostragem probabilística e amostra aleatória simples. Utilizamos como instrumento de recolha de dados, o questionário. Obtivemos uma amostra de 1735 enfermeiros que exerciam atividade em 226 Centros de Saúde de Portugal Continental, Madeira e Açores. RESULTADOS: Dos enfermeiros que participaram, 93,3% eram do sexo feminino e 6,7% do sexo masculino. Quando confrontados com a questão, “Possui formação específica para lidar com adolescentes”. Os enfermeiros investigados, 78,1% não possui qualquer formação específica para lidar com adolescentes, dados próximos dos encontrados por Brás (2002) onde também (83,2%) referiam não possuir. Ao invés (21,9%) referem possuir formação especifica, números ligeiramente superiores aos encontrados por Brás (2002) que eram à época 16,8%. A análise estatística das hipóteses formuladas, permite concluir que discriminando a existência de formação específica por parte dos enfermeiros para lidar com adolescentes tendo em conta as Sub-regiões e Regiões de Saúde, podemos concluir que aquela não é significativamente independente respetivamente da Sub-região nem da Região de Saúde onde o enfermeiro trabalha. Tendo os enfermeiros das Regiões de Saúde do Centro (24,4%), Lisboa e Vale do Tejo (28,8%), Algarve (31,3%) e Açores (22,8%) significativamente mais formação específica sobre sexualidade que os das outras Regiões de Saúde. Relativamente à formação específica dos enfermeiros inquiridos para lidar com adolescentes versus a idade, sexo, habilitações, categoria profissional, ter filhos adolescentes, hábito de lidar com adolescentes e obter informação para lidar com adolescentes. Observamos que os enfermeiros que têm formação específica para lidar com adolescentes são enfermeiros com 38-68 anos, com especialização e/ou mestrado, com categoria profissional de especialista ou chefe, com filhos adolescentes e têm o hábito e obtiveram informação para lidar com adolescentes. A análise estatística sugere que a obtenção de formação específica para lidar com adolescentes não é significativamente independente da idade, habilitações literárias, categoria profissional do enfermeiro, existência de filhos adolescentes, hábito e obtenção de informação relevante para lidar com adolescentes. CONCLUSÕES: Desta forma vemos que um enfermeiro com CGE/Bacharelato ou com Licenciatura tem uma probabilidade entre 4,484 e 5,714 vezes maior de não ter formação específica para lidar com adolescentes que um enfermeiro com especialidade ou mestrado. Também constatamos que um enfermeiro sem filhos adolescentes tem cerca de 1,394 vezes mais probabilidade de não ter formação específica para lidar com adolescentes que um enfermeiro com filhos adolescentes. Finalmente a investigação sugere que, um enfermeiro que não obtém informação para lidar com adolescentes tem cerca de 6,060 vezes mais probabilidade de não ter formação específica para lidar com adolescentes que um enfermeiro que obtém informação para lidar com adolescentes. Perante estes dados parece-nos muito significativa a percentagem de profissionais que não possui formação específica para lidar com adolescentes. Ao que não será alheio os conteúdos curriculares do curso de licenciatura em enfermagem e também a ênfase posta essencialmente na vertente da formação em cuidados essencialmente vocacionados para a prestação de cuidados na área hospitalar.
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