Resumo: | É decorrente das competências percetivas e relacionais da mãe e do bebé, e da sua dança relacional, que o comportamento de vinculação se vai gradualmente desenvolvendo; e é da qualidade desta dança relacional que dependerá, a posteriori, o solo individual e a articulação de dois desenvolvimentos interligados, mas independentes. Ora, no caso das mães gemelares, estas têm de estabelecer relações individuais com duas ou mais crianças, com a mesma idade, tendo em conta as suas necessidades idênticas, assim como as suas distintas personalidades, necessidades e padrões de interação. A pesquisa que se apresenta procurou investigar a existência de uma relação, nos seis primeiros meses de vida, entre o tipo de ligação vinculativa mãe-bebés gémeos e a diferenciação que a mãe faz dos mesmos. Em termos de procedimentos, foram realizadas três entrevistas semi diretivas a quarenta mães gemelares, de tipo clínico, uma após o parto e as outras aos três e aos seis meses. Para a análise dos dados, optou-se por uma metodologia quantitativa, utilizando uma análise correlacional das variáveis. A análise realizada concluiu sobre a não existência de uma relação clara entre as duas variáveis. Não obstante, a qualidade da relação mãe-bebés parece ser afetada por variáveis como: a vivência materna do parto relativamente a si e aos bebés; as complicações clínicas durante o parto; a primeira imagem materna dos bebés reais e a estadia dos bebés na incubadora; a capacidade de a mãe integrar o bebé real no bebé imaginário; a perceção materna das (des)vantagens da situação gemelar e da sua competência para lidar adequadamente com ambas as crianças e com cada uma, em particular. Compreende-se, assim, a importância de as mães gemelares serem apoiadas, particularmente no período pós-parto, já que têm de enfrentar uma multiplicidade de desafios que podem afetar os processos de vinculação e de separação-individuação.
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