Casadas com trigo e cevada: os dotes das órfãs da Misericórdia de Portel no século XVIII

O casamento de órfãs pobres foi uma prática seguida em muitas Misericórdias ao longo da época moderna. Cumpriam normalmente legados instituídos, mas também podiam pagar os dotes das suas próprias receitas. A perda do poder paternal podia ocasionar descaminho e danos na honra, colocando as jovens em...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Araújo, Maria Marta Lobo de (author)
Format: article
Language:por
Published: 2008
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/1822/9252
Country:Portugal
Oai:oai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/9252
Description
Summary:O casamento de órfãs pobres foi uma prática seguida em muitas Misericórdias ao longo da época moderna. Cumpriam normalmente legados instituídos, mas também podiam pagar os dotes das suas próprias receitas. A perda do poder paternal podia ocasionar descaminho e danos na honra, colocando as jovens em situação de pobreza e desamparo. A igreja pós-tridentina acentuou o valor conferido a honra feminina, transformando a dotação de órfãs pobres em estado núbil numa prática de caridade. Em Portel, o casamento de órfãs ficou a dever-se à instituição de legados. Muitas raparigas em idade de matrimónio procuravam na Misericórdia o dote que a família não lhes podia dar, conseguindo mais facilmente o estado que pretendiam, logo que ficavam dotadas com trigo e cevada.