Summary: | Objectivo: Caracterizar, do ponto de vista clínico e laboratorial, uma coorte de doentes com Artrite Reumatóide e correlacionar a presença de factores de mau prognóstico com a evolução da doença nesta amostra. Metodologia: Neste estudo observacional retrospectivo, foram analisados os processos clínicos de uma amostra de doentes seguidos no Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar da Cova da Beira com o diagnóstico de AR, de acordo com os critérios de classificação do Colégio Americano de Reumatologia, modificados em 1987. A selecção desta coorte foi feita, tendo como base, o registo do código GDH - 7140 no sistema informático Sistema de Apoio ao Médico®, à data do estudo. Posteriormente procedeu-se à análise da relação entre os parâmetros investigados através do programa informático SPSS, versão 17.0. Resultados: Foram incluídos no estudo 39 doentes com o diagnóstico de Artrite Reumatóide, dos quais 27 eram mulheres (69,2%) e 12 eram homens (30,8%). A idade dos doentes variou entre os 30 e 81 anos (média de 59,64 e desvio-padrão de 12,98 anos). O RA teste foi positivo em 25 doentes (64,1%) e o teste Waaler-Rose em 20 (51,3%). Dezanove doentes (48,7%) apresentaram um nível de actividade da doença moderado determinado pelo Disease Activity Score 28 (41,0%). Sete dos doentes pertencentes à amostra estavam em remissão (17,9%). O nível de actividade baixo e alto foi encontrado em percentagens iguais de doentes (20,5%). As manifestações extraarticulares mais frequentes foram a fadiga (59%), a queratoconjuntivite seca (43,6%), sinais imagiológicos sugestivos de fibrose pulmonar (38,5%) e a anemia (35,9%). Na análise da relação entre as variáveis, o número de anos de evolução da doença associou-se com forte significância estatística ao desenvolvimento de erosões, ao contrário do Factor Reumatóide, Anticorpo Anti-péptido citrulinado cíclico e marcadores de inflamação, que não mostraram relação estatisticamente significativa. O nível de actividade da doença determinado pelo Disease Activity Score 28 apenas se associou ao valor da Proteína C-Reactiva. Conclusão: Neste estudo, o número de anos de evolução da doença foi o principal determinante do dano estrutural. Este dado vem sublinhar a importância do diagnóstico e referenciação precoces dos doentes na AR. Dos vários factores de mau prognóstico citados na literatura e investigados nesta coorte, só o valor da Proteína C-reactiva se associou ao grau de actividade da doença.
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