Summary: | A presença na Penha Verde de espólios metálicos e cerâmicos, acompanhados de restos faunísticos (pelo menos boi doméstico, correspondente ao exemplar datado) pertencentes ao Bronze Final, não parece revestir carácter habitacional, no sentido usualmente atribuído ao termo. Com efeito, os restos cerâmicos são demasiado escassos para suportarem tal atribuição, sendo esta conclusão sublinhada pela área restrita onde foram recolhidos, a par dos restantes materiais metálicos. Por outro lado, a natureza excepcional de tais peças – de ouro e de bronze – faz crer tratar-se de um local onde, durante um reduzido intervalo de tempo, estanciou um pequeno grupo humano, reaproveitando para tal uma estrutura habitacional calcolítica, que provavelmente ainda oferecia condições de abrigo: a Casa 2 e a sua adjacência, correspondente a área lajeada. As actividades a que esses ocupantes do local se entregaram incidiam na manipulação de matérias-primas preciosas ali transaccionadas, que não custa admitir fosse o ouro, dada a recolha de duas peças auríferas de carácter excepcional ali encontradas, a que se soma o notável colar de ouro encontrado na zona adjacente, no sopé da elevação onde se implantou o pequeno grupo entregue a tais actividades. A manipulação do ouro poderia ser acompanhada da do bronze, dada a existência da barra de bronze partida em ambas as extremidades, que pode ser interpretada como um verdadeiro lingote, ou como um fragmento de escopro destinado a refundição, em todo o caso carecendo de pesagem e avaliação.
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