Resumo: | De entre os tribunais portugueses do Santo Ofício, a Inquisição de Goa foi a única cujo arquivo foi deliberadamente destruído. As limitações que esta circunstância impõe à investigação histórica sobre este tribunal atingem as mais variadas facetas da sua anterior actividade judicial. Este artigo pretende ser um primeiro contributo para colmatar as muitas incertezas relativamente à vigilância inquisitorial sobre uma das tipologias de réus que, sobretudo nos começos do Santo Ofício em Goa, mais preocupou o tribunal: os cristãos- -novos. A partir do cruzamento sistemático da documentação enviada a Lisboa pela Inquisição de Goa – em especial o reportório de João Delgado Figueira e as listas de autos-da-fé –, o objectivo deste artigo é o de reconstituir o universo de cristãos-novos processados por delito de judaísmo pelo tribunal, bem como o de compreender ritmos persecutórios, perfis sociais dos condenados e atitudes colectivas face aos cristãos-novos no Estado da Índia.
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