"Parecem indianos na cor e na feição": a "lenda negra" e a indianização dos portugueses

Este artigo incide sobre as articulações entre mimesis e a indianização dos portugueses estabelecidos na Índia a partir do século XVI, e o papel que estas tiveram na formulação de uma “lenda negra” sobre o império português. Como é que a nativização dos portugueses foi sendo percebida e apresentada,...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Xavier, Ângela Barreto (author)
Format: article
Language:por
Published: 2014
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10451/10754
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ul.pt:10451/10754
Description
Summary:Este artigo incide sobre as articulações entre mimesis e a indianização dos portugueses estabelecidos na Índia a partir do século XVI, e o papel que estas tiveram na formulação de uma “lenda negra” sobre o império português. Como é que a nativização dos portugueses foi sendo percebida e apresentada, tanto interna quanto externamente, como algo de indesejável, contribuindo para gerar uma representação negativa dos portugueses em situação colonial? Em que medida é que essa nativização foi associada à ideia de que os portugueses eram incapazes de se governarem a si mesmos (i. e., de controlarem as suas paixões, de autodisciplinarem a sua natureza) e, por conseguinte, de governarem os outros? O Itinerário, Viagem ou Navegação para as Índias Orientais ou Portuguesas de Jan Huygen van Linschoten, tratado publicado pela primeira vez na Holanda, em 1596, é um excelente ponto de partida para discutir estas questões. Analisando o texto de Linschoten, bem como as suas reverberações nos séculos seguintes, proponho-me contribuir para uma genealogia da “lenda negra”, fazendo remontar as suas origens às primeiras décadas do século XVI.