Resumo: | O ozono (O3) troposférico é um gás que pode danificar severamente a vegetação. Muitos estudos têm sido realizados em vários tipos de culturas, identificando o efeito do O3 na perda de produtividade, na perda de campos agrícolas e na redução da qualidade de produtos vegetais e frutícolas. Tendo em consideração que a produção de vinho em Portugal é uma atividade económica relevante, contribuindo para a identidade cultural do país, e que as vinhas são consideradas de sensibilidade intermédia ao ozono, esta tese tem como objetivo principal avaliar o risco de exposição da vinha duriense ao ozono, estimando a sua concentração e deposição na Região Demarcada do Douro (RDD). Selecionou-se o ano de 2004 e aplicou-se o modelo de transporte químico CHIMERE para estimar os campos tridimensionais de ozono e a sua deposição seca na RDD. Após a validação dos seus resultados, calculou-se o indicador de exposição AOT40 (concentração acumulada de ozono acima de 40 ppb) e os níveis de deposição seca acumulada entre maio e julho. Por fim, aplicou-se uma função exposição-resposta para estabelecer o risco de exposição das vinhas ao ozono. O valor-alvo para a proteção da vegetação, estabelecido na Diretiva Quadro da Qualidade do Ar, foi excedido na maior parte da região do Douro, sobretudo na região Sul do Baixo Corgo e Cima Corgo. Os níveis mais elevados de deposição são observados na sub-região Douro superior. Os resultados da aplicação das funções exposição-resposta sugerem que a diminuição da produção pode atingir 29% e a qualidade do vinho pode diminuir em 34%. Conclui-se que os níveis de ozono troposférico na região podem comprometer a qualidade e produtividade do vinho, sugerindo-se medidas para mitigar os efeitos do ozono.
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