Summary: | A comunicação é um elemento vital entre o professor e o aluno, sendo que ensinar e aprender são atos comunicativos. Segundo as orientações curriculares emanadas do Ministério da Educação o ensino deve ser centrado no aluno. Para que tal seja possível, o professor deve criar meios e estratégias que façam com que o aluno se sinta motivado para responder às perguntas do professor e formular as suas próprias perguntas, esta é uma das razões porque o questionamento é considerado um processo fundamental no ensino e na aprendizagem. Muitas investigações têm sido realizadas para compreender o processo comunicativo através do padrão de questionamento em aulas de diferentes níveis de ensino. No entanto, nenhuma destas investigações procuram comparar estes padrões em diferentes tipos de aulas. Nesta perspetiva, foi realizado este estudo para quantificar, relacionar e caracterizar as perguntas efetuadas nas aulas teóricas e laboratoriais, quer pelo professor, quer pelos alunos. Optamos por um estudo de caso, com uma turma do ensino secundário do 11.º ano de escolaridade na disciplina de Física e Química A. Os dados foram recolhidos através das transcrições das três aulas, gravadas em áudio, sendo duas teóricas e uma laboratorial. Efetuou-se uma entrevista a 8 alunos que participaram nestas aulas com o propósito de conhecerem as suas representações sobre o seu questionamento em ambas as aulas. Para a análise das perguntas efetuadas pelo professor e pelos alunos, e das entrevistas aos alunos, utilizou-se o Software de análise qualitativa WebQDA. Depois da discussão da frequência de perguntas formuladas pelo professor e pelos alunos nestas aulas, caracterizou-se as perguntas quanto a função comunicativa utilizou-se uma classificação de Almeida & Neri de Souza (2010) na qual as perguntas são classificadas em Científicas e Não-Científicas. Também as perguntas foram caracterizadas quanto ao nível cognitivo, para isso foi utilizado a taxonomia de Neri de Souza & Moreira (2011) que é uma adaptação da taxonomia SOLO de Biggs & Collis (1982). As entrevistas foram exploradas através de categorias de análise e trianguladas com os padrões de questionamento encontrados. Os resultados indicam que os alunos formulam mais perguntas nas aulas laboratoriais do que nas teóricas. Verifica-se também que das perguntas formuladas pelos alunos nas aulas teóricas são na maioria Científicas enquanto as perguntas efetuadas pelos alunos na aula laboratorial são maioritariamente Não-Cientificas. Constatou-se que o professor formula mais perguntas Científicas do que os alunos tanto nas aulas teóricas como nas laboratoriais. Neste estudo verificou-se que em ambas as aulas tanto o professor como os alunos fazem perguntas de baixo nível cognitivo. Pode-se concluir que o professor coloca 15 vezes mais perguntas do que os alunos nas laboratoriais, enquanto que nas aulas teóricas coloca 35 vezes mais perguntas do que os alunos.
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