Summary: | 2020 – O Ano em Que o Mundo Parou. O inicio de 2020 ficou marcado por um acontecimento à escala global cuja dimensão e consequências não têm paralelo nas últimas décadas. Com efeito, a crise pandémica (Covid-19), com origem na China, obrigou à tomada de medidas extremas por parte de um número significativo de países, as quais passaram, nomeadamente, pela imposição de limitações à liberdade de circulação dos indivíduos e à suspensão da atividade económica numa escala sem precedentes. Pretende-se com este artigo avaliar os primeiros cem dias da crise Covid-19, em particular no que respeita ás consequências económico-financeiras. Em primeiro lugar, fica claro que esta crise é distinta de todas as crises anteriores, na medida em que se caracterizou por um choque simultâneo da oferta e procura resultado da paragem abrupta da atividade. Em segundo lugar, constata-se que os mercados financeiros foram os primeiros a reagir, registando-se quedas acentuadas nos índices acionistas e uma fuga dos investidores para a dívida pública de “qualidade” (em detrimento da dívida dos países mais periféricos). De igual forma, foi possível observar que, do lado da economia real, a redução da atividade foi visível na quase totalidade dos setores, mas com particular incidência nos setores dos transportes aéreos, restauração, alojamento e comercio a retalho. Por fim, e apesar das medidas de saúde pública terem tido natureza semelhante nos diversos países e o impacto das mesmas no crescimento económico de curto prazo ser muito semelhante, torna claro que a capacidade de cada uma das economias recuperar desta crise parece ser claramente distinta, podendo conduzir a, médio prazo, ao agravamento das desigualdades.
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