Summary: | Estado de arte: Inteligência e criatividade são duas variáveis que têm vindo a suscitar o interesse dos investigadores, visto que é consensual que ambas têm impacto no potencial humano. Perante uma sociedade cada vez mais exigente e competitiva tencionamos sensibilizar pais, educadores e professores com o intuito de promovermos uma intervenção pedagógica diferenciada que estimule o desenvolvimento destas competências que direcionam os estudantes no sentido da excelência. Objetivos: Estudo A - Contribuir para a validação da versão portuguesa da bateria EPoC. Desta forma, pretendemos aferir se a prova é percetível pelas crianças e pelos adolescentes; analisar as dificuldades que foram percetíveis; estabelecer recomendações de aplicação; avaliar as dificuldades que foram sentidas a nível do processo de cotação da prova. Estudo B - Analisar o desempenho de crianças com características de sobredotação considerando os processos cognitivos (integração e expansão) e o conteúdo das tarefas (verbal e gráfico); analisar a relação entre o desempenho em provas de inteligência (subtestes da WISC-III) e provas de criatividade (EPoC); analisar em que medida as correlações entre inteligência e potencial criativo oscilam em função da idade, nomeadamente, entre o final da infância e o início da adolescência. Método: Estudo A – Uma amostra de 166 alunos preencheram um Questionário sociodemográfico (Rocha, Almeida & Costa-Lobo, 2015), bem como realizaram a versão A da EPoC (Almeida, Coimbra, Costa-Lobo & Yamin, in press). Estudo B – Uma amostra de 31 alunos com características de sobredotação preencheram um Questionário sociodemográfico (Rocha, Almeida & Costa-Lobo, 2015), a versão A da EPoC (Almeida, Coimbra, Costa-Lobo & Yamin, in press) e a Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças – Terceira edição – WISC-III (Wechsler, 2004). Resultados: Estudo A - Verificou-se que com a prática, o processo de cotação das provas da EPoC se torna mais simples, evidência que nos permite concluir que é possível obter uma pontuação consensual entre os avaliadores. O processo de acordo interjuízes permitiu aferir que após várias aplicações é possível estabelecer um nível mínimo de concordância entre juízes. Estudo B - As duas medidas a que nos propusemos estudar, inteligência e potencial criativo não parecem estar correlacionadas. Os resultados apontam para uma relativa autonomia e independência nestes construtos. Na análise comparativa entre grupos etários foi possível identificar que a percentagem maior de alunos que assume que a disciplina que gosta menos é o português é o grupo etário dos mais velhos. No entanto, no grupo constituído pelas crianças mais novas, parece haver mais ilustração de independência ou contraste entre produção de potencial criativo e inteligência. Conclusão: Com este contributo pretende-se clarificar a influência que a inteligência e a criatividade detém na sobredotação. É crucial que se promova uma intervenção sustentada na diferenciação pedagógica e na flexibilização curricular, face à especificidade de cada aluno, de modo a potenciar a diversidade de competências, respeitando a heterogeneidade de cada criança. Somente através da intervenção nestes domínios se conseguirão alcançar repercussões positivas tanto no contexto familiar como no âmbito educativo destas crianças.
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