Resumo: | Na Monarquia Liberal e na 1.a República, o controlo político das Misericórdias foi uma arma da luta partidária. Poucas Misericórdias importantes escaparam às comissões administrativas e em algumas destas instituições as comissões sucederam-se acompanhando sem rebuços a rotatividade governamental. Noutros casos, permanecendo uma aparente normalidade eleitoral, os sufrágios para as mesas eram fortemente manipulados. Ultrapassada a época do parlamentarismo multipartidário, perderam interesse enquanto agentes eleitorais, mas eram poderosas armas de enquadramento e vigilância políticos. Foi no Estado Novo que a ingerência e domínio do governo central sobre as Misericórdias atingiu o seu auge. Além de se determinar os níveis de controlo por parte do poder central e das elites instaladas, traçam-se brevemente os perfis dos dirigentes das Misericórdias, enunciam-se as suas motivações para a busca do cargo e referem-se as correntes ideológicas emergentes que procuraram dominar estas instituições ao longo de 112 anos.
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