Summary: | A Revolução Industrial trouxe à Humanidade bem mais do que máquinas e produtividade. Alterou, em concomitância, a concepção que existia até então quanto ao papel desempenhado pelo Homem na sociedade e fez com que, no início do século XX, muitos seres humanos se concebessem como átomos insignificantes de uma grande e implacável engrenagem. Da pintura ao bailado, passando pela literatura e pelo cinema, o movimento existencialista surgiu como uma necessidade de responder a esta desumanização, trazendo de novo à discussão as grandes questões da essência humana. Procurou devolver ao Homem, enquanto indivíduo, a capacidade de dinamizar e operar a mudança, reacendendo, em simultâneo, as dúvidas originais. Vergílio Ferreira foi um dos expoentes máximos do existencialismo em Portugal, especialmente numa segunda fase da sua obra. Através de romances como Para Sempre, Manhã Submersa ou Cântico Final, explorou todas as dimensões da mortalidade humana e induziu nos seus leitores mais atentos o sentimento de angústia permanente que o obsidiava. Entre as décadas de 70 e 80, Manuel Guimarães, primeiro, e Lauro António, depois, procuraram transferir o ambiente vergiliano para o cinema. Antes de propormos um exercício de adaptação de Aparição, procuraremos analisar e compreender os métodos, motivações e o sucesso dos esforços desenvolvidos por estes realizadores.
|