Resumo: | A memória é um processo reconstrutivo e falível, sujeito a esquecimento, distorções e falsas memórias. As falsas memórias correspondem à recordação de eventos, acontecimentos ou informações que ocorreram de forma diferente daquela em que são recordados, ou que nunca aconteceram. Este fenómeno tem sido amplamente estudado em contextos de memória individual. Porém, a sua ocorrência em contextos de interação social permanece pouco explorada, apesar de a memória ser uma atividade social e cooperativa suscetível a processos de influência social. Este estudo teve como objetivo analisar o efeito da influência social normativa na emergência e transmissão de informação falsa em contextos de interação social. Para tal, utilizámos o paradigma da desinformação, com grupos colaborativos compostos por um participante ingénuo e um comparsa do experimentador, que alegadamente pertencia a um grupo de estatuto elevado ou baixo. Colocámos como hipótese que a informação aceite por um comparsa de estatuto elevado fosse mais aceite, e consequentemente, mais bem recordada pelo participante do que quando os participantes colaboravam com um comparsa de estatuto baixo. Os resultados revelaram que os participantes incluíram na sua recordação, alguma da desinformação introduzida durante o questionário, replicando o efeito de desinformação. Contrariamente ao esperado, o efeito da influência social normativa não foi significativo ao nível da informação correta e falsa aceite e recordada pelos participantes. Tal resultado poderá dever-se à ineficácia da manipulação do estatuto do comparsa e a outras questões metodológicas que discutimos de forma aprofundada.
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