Summary: | As V Jornadas de Cinema em Português dão continuidade a um projeto desenvolvido pelo LabCom – Laboratório de Comunicação On-Line, na linha de investigação dedicada ao cinema, promovendo o encontro regular de estudiosos e investigadores do cinema que é feito em Portugal e no vasto universo de países que partilham a língua portuguesa. Esta publicação, que intitulamos de Filmes Falados, é a versão impressa em papel2 das comunicações apresentadas durante as V Jornadas Cinema em Português, realizadas na Covilhã, na Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior, de 22 a 25 de Outubro de 2012. A quinta edição das Jornadas começou onde tinha terminado a edição anterior: no cinema experimental português. Desta feita, pondo em evidência o pioneirismo de Jorge Brum do Canto no seu primeiro filme, A Dança dos Paroxismos. Seguiu-se uma reflexão sobre o facto espectatorial, sendo apresentada a noção de espectador de cinema em Souriau, Schefer e Morin. A partir do filme Nha Fala, do cineasta guineense Flora Gomes, fomos convidados a olhar para a inventividade como necessidade no cinema africano. No âmbito dos estudos sobre o texto fílmico de Manoel de Oliveira e os resultados da legendagem italiana dos diálogos originais, foi analisada uma conversação entre um professor e os seus discípulos no cenário da guerra colonial, presente no filme Non, ou a Vã Glória de Mandar. Sobre o cinema brasileiro foram apresentadas notas sobre o épico em Glauber Rocha a partir dos filmes Antônio das Mortes e Idade da Terra. Regressando ao cinema português, e à sua história, seguiu-se uma comunicação que destacou o papel das mulheres cineastas por detrás das câmaras, sendo analisada a ficção de longa-metragem mediada por um olhar feminino. Numa espécie de homenagem póstuma a um dos grandes cineastas portugueses recentemente falecido, foram apresentadas as relações entre cinema e literatura na obra de Fernando Lopes. De seguida, a partir de Belarmino, de Fernando Lopes e Mauro de João Salaviza, foi apresentado um estudo sobre a construção da personagem através das formas de representação da cidade de Lisboa. A comunicação seguinte debruçou-se sobre as contribuições do documentário para a construção da memória sócio-histórica a partir de uma análise dos filmes produzidos em Portugal entre 2007 e 2011. Finalmente, foram apresentadas as genealogias, filiações e afinidades entre o Novo Cinema e o cinema português contemporâneo. Margarida Cardoso, António de Macedo e José Filipe Costa foram os cineastas convidados para participarem nesta edição das Jornadas de Cinema em Português. Apresentámos dois filmes de Margarida Cardoso, A Costa dos Murmúrios e Natal 71, com a presença da cineasta e a sua participação nos debates. José Filipe Costa, numa masterclass subordinada ao tema O Processo Faz o Filme, discutiu e confrontou a fase de pesquisa de Chapa 23 e de Linha Vermelha, a procura e fixação de um ponto de vista e o modo como o processo de filmagem e montagem foram determinando as formas finais dos dois filmes. Para além disto, uma outra questão esteve em foco: como pode um filme responder às interpelações da vida em comunidade e da memória? António de Macedo, impedido de o fazer “em corpo”, fez questão de nos “confidenciar o seu principal segredo de quando era fazedor de filmes”. Aqui se publica o texto que nos enviou e que foi lido no decorrer dos trabalhos. Também eu, impossibilitado de estar fisicamente presente, pude disfrutar da qualidade das comunicações apresentadas e dos debates realizados através da Internet. Esta e outras inovações ficam a dever-se ao empenho de várias pessoas mas quero destacar a colaboração decisiva da doutoranda e colega do LabCom, Dr.ª Ana Catarina Pereira, que aceitou o convite para comigo organizar e dar continuidade a este evento, que esperamos poder continuar a assegurar todos os anos, assim continuemos a contar com o interesse demonstrado pela comunidade académica. Bem-hajam.
|