Summary: | O suporte social refere-se à interação decorrida entre indivíduos, havendo um que presta o apoio e outro que o recebe; o objetivo será a melhoria do bem-estar de quem recebe o apoio. A literatura tem indicado que o suporte social tem impacto na motivação desportiva e este pode advir de vários agentes, nomeadamente, dos pais, pares e treinadores. Apesar de alguns estudos mostrarem a influência destes vários agentes na motivação, escassos são os estudos que abordam mais do que uma destas variáveis de uma forma combinada. Adicionalmente, parecem ocorrer alterações deste suporte social ao longo do desenvolvimento, um tópico que tem recebido cada vez mais atenção dada a importância que o mesmo assume na motivação desportiva. Este estudo aborda os vários agentes de suporte social – treinador, pais e pares – simultaneamente, sendo avaliada a sua importância através de instrumentos de autorrelato. Pretendemos ainda explorar a influência que estes vários agentes têm na motivação desportiva; esta variável foi igualmente avaliada através de um instrumento de autorrelato. Dada a inexistência de uma escala que nos permitisse avaliar o suporte social prestado pelos pares, num primeiro estudo, começámos por validar a Escala da Qualidade de Amizade Desportiva (Weiss & Smith, 1999). Participaram neste estudo inicial 226 atletas (9-19 anos) de modalidades desportivas de equipa. Os resultados desta validação preliminar revelaram valores satisfatórios de consistência interna para as várias subescalas que compõem o instrumento assim como de validade fatorial. No segundo estudo, analisámos de forma combinada os vários agentes de suporte social e o modo como estes se correlacionam (análises de correlação de Pearson) e permitem prever a motivação para a prática desportiva (análises de regressão múltipla). Estas análises foram realizadas quer para a amostra total dos atletas (N = 192; 9-19 anos) quer para os três grupos etários criados para analisar diferenças em diferentes níveis de desenvolvimento. Os resultados apontaram para uma predominância do impacto dos pares na motivação intrínseca e dos pais na motivação extrínseca. Relativamente à análise desenvolvimental, verificámos que, com o aumento da idade se observou também um aumento do apoio e acompanhamento por parte dos pais bem como a diminuição da influência técnica por parte dos mesmos. Quanto aos pares evidenciou-se o aumento da lealdade e intimidade e dos conflitos, um resultado que é consistente com a literatura. Quanto ao treinador, os nossos resultados não revelaram alterações significativas nos vários grupos etários. Os resultados das regressões múltiplas evidenciaram o papel predominante dos pais (particularmente da mãe), nos vários tipos de motivação, não se tendo verificado alterações relevantes entre os vários grupos etários. Os dados obtidos no estudo vão, em parte, de encontro ao reportado na literatura, apontando para uma maior influência dos pares e menor dos pais com o aumento da idade. Em suma, o trabalho introduz um novo instrumento para a avaliação da importância dos pares para a prática desportiva, uma variável que os nossos resultados apontaram ser relevante para a motivação intrínseca. Por outro lado, reforça a importância do papel dos pais na motivação extrínseca. Propomos que limitações encontradas neste estudo (e.g., desequilíbrio no número de atletas por grupo) sejam colmatadas em estudos futuros. A análise combinada das fontes de suporte social acrescenta conhecimento teórico relevante para a área mas permite também sugerir algumas implicações práticas. Por exemplo, o conhecimento mais solidificado sobre quais os agentes com maior potencial de influência na motivação desportiva nos diferentes grupos etários, permite-nos sugerir intervenções mais eficazes no sentido de garantir e / ou aumentar essa mesma motivação. Estudos futuros utilizando outras metodologias (e.g., estudos longitudinais) e amostras mais alargadas deverão consolidar os resultados exploratórios apresentados neste trabalho
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