Um olhar contemporâneo sobre "O Príncipe" : Raymond Aron, Isaiah Berlin e Leo Strauss, leitores de Maquiavel

O objetivo deste trabalho é lançar um olhar contemporâneo sobre O Príncipe de Maquiavel nas obras de Raymond Aron, Isaiah Berlin e Leo Strauss, pensadores do século XX que, em diferentes momentos de seus percursos intelectuais, abordaram de novo esta obra. Para isso, procede-se ao levantamento do es...

ver descrição completa

Detalhes bibliográficos
Autor principal: Casarin, Maurício Teles (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2022
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.14/39231
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/39231
Descrição
Resumo:O objetivo deste trabalho é lançar um olhar contemporâneo sobre O Príncipe de Maquiavel nas obras de Raymond Aron, Isaiah Berlin e Leo Strauss, pensadores do século XX que, em diferentes momentos de seus percursos intelectuais, abordaram de novo esta obra. Para isso, procede-se ao levantamento do estado dos conhecimentos e do conflito entre os pontos de vista destes três autores sobre Maquiavel. O problema que orienta esta investigação é porque interessaram a todos eles os conselhos “tirânicos” d’O Príncipe relativos às nossas repúblicas liberais e democráticas? A firmeza e astúcia democráticas que Aron defende; o pluralismo de Berlin; a recuperação dos ideais da tradição pré-moderna de Strauss, pertencem mais à filosofia política de cada um desses autores que à exegese da obra, mas fornecem importantes pistas quanto à “lição” que Maquiavel pode dar ao desencanto com a democracia no século XXI. Na teoria política contemporânea predomina uma visão de cidadania que está ligada aos valores como justiça e ordem pública, mas não norteada por preocupações éticas e morais. Este consenso que dispensa ou está desatento às instituições constituídas sobre a “virtude” e os valores morais partilhados pelos eleitores parece preocupante por três razões: Primeiro reforça a tendência para que os políticos se sintam confortáveis em não observar os preceitos éticos para atingir seus objetivos. Segundo, a ausência de reflexão sobre os valores que servem de base à participação na vida pública, deixa-a mais vulnerável à manipulação ideológica. Terceiro, o fracasso em ancorar os compromissos cívicos nas aspirações humanas da população favorece o desencanto dos cidadãos com a vida política e leva a julgar os políticos “todos iguais” e qualquer pessoa envolvida na política como inclinada a cometer atos corruptivos em nome da justiça ou da ordem pública.