Summary: | O alto clero bracarense medieval encarou os bens materiais como uma manifestação da benção divina e do poder temporal. Preocupado com o destino da sua riqueza, dispôs dela em testamento. Num primeiro momento, este artigo mostra que parte considerável da fortuna individual foi aplicada a favor da alma, na preparação cuidada da sepultura, nas cerimónias de enterramento e nos sufrágios post mortem. Numa segunda parte, demonstra-se que a família (conceito que abrange parentela e protegidos) não foi esquecida, tendo os clérigos valorizado a propriedade vinculada e a figura do herdeiro universal, preferencialmente também clérigo. Por fim, conclui-se que a disposição de bens por testamento foi uma forma privilegiada de fazer perdurar a memória do testador, de demonstrar poder e riqueza, enfim, de manter, para além das barreiras do tempo, uma imagem individual no seio de uma colectividade.
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