Resumo: | O consumo de drogas lícitas e não lícitas está presente em todos os países do mundo, abrangendo várias idades e estádios de desenvolvimento. Uma grande preocupação com o uso destas substâncias é, actualmente, notória entre os estudantes, nomeadamente os universitários. Estes passam por uma etapa caracterizada por alterações na habitação, educação e relacionamentos amorosos, mudanças essas, muitas vezes, mediadas por comportamentos de risco. O presente estudo tem como principal objectivo delinear o perfil do consumo (uso ocasional, abuso ou dependência) de substâncias psicoactivas numa amostra de estudantes universitários e investigar as possíveis relações entre este consumo e a sintomatologia depressiva. Para tal, foi realizado um estudo descritivo, do qual faz parte uma amostra de 511 estudantes universitários, com idades compreendidas entre os 18 e os 51 anos. Os instrumentos utilizados para este fim foram: um inquérito por questionário referente aos dados sócio-demográficos e culturais, o “Questionário de Caracterização da População” – ECRIP, desenvolvido pela rede IREFREA e o Inventário de Depressão de Beck II (BDI-II). Dos resultados obtidos destacam-se: a cannabis como a droga preferida pelos jovens, sendo consumida, na sua maioria, de forma recreativa e esporádica; o consumo de drogas associado aos factores socioeducativos e culturais, sobretudo no que concerne à escolaridade do pai X2(3)=15,229, p=0,002, p <0,05; os comportamentos de risco existentes no âmbito do consumo de substâncias psicoactivas, pelos jovens inquiridos, como na estimulação ou desinibição das práticas sexuais; e ainda o facto dos inquiridos considerarem as drogas como potenciadoras das relações sociais X2(1)=6,648, p=0,01, p <0,05, sobretudo com indivíduos do género oposto. Na análise da eventual relação entre a depressão e o consumo de drogas, os dados não permitem inferir a existência de uma relação directa, mantendo-se assim a dúvida de muitos autores. Deste modo, o presente estudo torna-se pertinente na medida em que permite compreender as características de consumo e o perfil da população de interesse, de forma a, poder adequar e melhorar a resposta às necessidades reais destes indivíduos.
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