Summary: | Numa perspectiva comparativa, o objetivo geral desta tese é analisar a metodologia de trabalho das plataformas digitais de fact-checking Polígrafo, de Portugal, e Lupa, do Brasil, os resultados das suas ações e a implicação junto ao público. Como objetivos secundários, o trabalho visa descrever e analisar o modelo de negócio das agências de fact-checking dentro de um paradigma de crise do negócio jornalístico convencional; mapear as temáticas trabalhadas, as personalidades mais visadas nas matérias, as fontes recorrentes e a origem das informações analisadas; avaliar se, no quesito político, as agências dão igual espaço para governo e oposição; analisar se os critérios de escolha dos temas abordados pelas plataformas de fact-checking seguem os valores notícia do jornalismo; descrever e compreender a rotina de produção dentro das agências de fact-checking; detalhar as formas de distribuição do conteúdo produzido; pormenorizar as formas de participação do público; além de avaliar a reação do público via página das plataformas no Facebook. Para a coleta dos dados, utilizou-se as seguintes técnicas de pesquisa: entrevista individual em profundidade com os gestores de conteúdo de cada agência de verificação de notícias; aplicação de questionários com jornalistas-verificadores das agências pesquisadas e seus analistas de redes sociais; Análise de Conteúdo (AC) das matérias avaliadas e publicadas pelas plataformas, bem como dos comentários de leitores em suas respectivas páginas oficiais no Facebook. Como hipótese principal, acreditava-se que a metodologia e a concepção do fazer fact-checking das duas agências pesquisadas era similar. Contudo, mesmo tendo como base a mesma metodologia, verificou-se diferenças expressivas nesses pontos centrais, não sendo possível comprovar de forma total as hipóteses levantadas. O aporte bibliográfico desta tese está dividido em três capítulos, sendo eles: 1. Sociedade e pós-verdade; para tratar sobre subjetividade e modernidade líquida (Bauman, 2007), fake news (D‘Ancona, 2018) e opinião pública (Da Viá, 1983); 2. Jornalismo numa sociedade moldada pelo digital (Canavilhas, 2015), para tratar sobre modelos de negócio (Chesbrough, 2012); rotina de produção jornalística (Traquina, 2000) e redes sociais (Recuero, 2011); 3. Plataformas de Fact-Checking (Waldman, 2011). A tese fomenta o debate sobre a atividade do fact-checking, oferecendo um contributo teórico sobre a rotina de produção jornalística em relação à verificação de notícias.
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