Infeções Por Bactérias Multirresistentes em Idade Pediátrica: Estudo Retrospetivo de Sete Anos de um Hospital de Nível I

Introdução: As bactérias multirresistentes são responsáveis por uma importante morbimortalidade à escala mundial. Contudo, o seu impacto a nível pediátrico é pouco conhecido. O presente estudo pretendeu caracterizar as infeções por bactérias multirresistentes isoladas em amostras de doentes pediátri...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Abreu, Marlene (author)
Other Authors: Leite, Joana (author), Portela, Alexandrina (author), Alves, Valquíria (author), Almeida, Rui (author)
Format: article
Language:por
Published: 2016
Subjects:
Online Access:https://doi.org/10.25754/pjp.2016.7316
Country:Portugal
Oai:oai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/7316
Description
Summary:Introdução: As bactérias multirresistentes são responsáveis por uma importante morbimortalidade à escala mundial. Contudo, o seu impacto a nível pediátrico é pouco conhecido. O presente estudo pretendeu caracterizar as infeções por bactérias multirresistentes isoladas em amostras de doentes pediátricos de uma unidade hospitalar de nível I. Métodos: Estudo retrospetivo, descritivo e analítico dos casos de infeções por bactérias multirresistentes ocorridos nos serviços de pediatria e neonatologia, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2013. Resultados: Isolaram-se 42 bactérias multirresistentes, sendo 35 responsáveis por infeções. As bactérias multirresistentes identificadas foram: 30 Enterobacteriaceae (11 produtoras de β-lactamases de espetro expandido) e cinco Staphylococcus aureus resistentes à meticilina. As infeções ocorreram em 34 doentes, com uma média de idade de 13,4 meses (mínimo 1 dia; máximo 16 anos), sendo 73,5% do sexo masculino. A maioria (70,6%) apresentava fatores de risco para infeção por bactérias multirresistentes (62,5% apresentava mais do que um), salientando-se a antibioterapia há menos de seis meses em 55,9%. O diagnóstico mais frequente foi a infeção do trato urinário (n = 19). Metade das bactérias (51,4%) eram resistentes a pelo menos um dos antibióticos iniciados empiricamente. A taxa global de incidência de infeção foi de 0,32 por 100 internamentos (pediatria 0,22; neonatologia 0,89), sem diferenças significativas ao longo dos anos (p = 0,423). Cerca de metade dos casos foram infeções associadas aos cuidados de saúde (n = 15) , com especial incidência na neonatologia (n = 13). Discussão: Houve uma preponderância de infeções por Enterobacteriaceae produtoras de β-lactamases de espetro expandido, não descrita em outros estudos pediátricos. O elevado consumo prévio de antibióticos como fator de risco para infeções por bactérias multirresistentes deve ser tido em conta para um uso mais criterioso da antibioterapia.