Summary: | Introdução: Em Portugal, o pólen da oliveira (Olea europaea) constitui uma das fontes mais relevantes de aero-alergénios, sendo uma causa frequente de polinose na região Mediterrânica, onde o Ole e 1 é um alergeno major. Apesar de se julgar apenas associado aos grãos de pólen, desconhece-se a variabilidade inter-anual da carga alergénica do pólen e ainda existe alguma controvérsia sobre a forma como este aeroalergeno se distribui no ar atmosférico. Objectivo: Este trabalho teve como objectivos: i) determinar a fracção dos bioaerossóis mais rica em Ole e 1; ii) avaliar a correlação dos conteúdos diários de pólen e aeroalergeno no ar atmosférico; iii) avaliar variação anual da carga alergénica do pólen. Métodos: Os aeroalergenos foram captados utilizando um colector de impacto CHEMVOL equipado com dois filtros com capacidade para reter partículas de diferentes dimensões: PM>10µm e 10µm>PM>2,5µm. Após 24h os filtros foram retirados, a fracção proteica foi extraída e os alergenos quantificados por ELISA. Simultaneamente o pólen foi monitorizado pela tecnologia padrão utilizando um colector volumétrico Burkard 7-Day Recording Volumetric Spore Trap. Os colectores foram ambos colocados numa mesma plataforma a 17m de altura, e a ≈3-4m um do outro. Resultados: Entre 2009 e 2011, registou-se uma variação inter-anual quer do perfil quer da duração da época polínica (39, 47 e 45 dias, respectivamente). O conteúdo polínico total no ar atmosférico também foi variável no intervalo de 7240 a 12524 grãos/m3. Mais de 90% do alergeno foi encontrado na fracção de bioaerossóis de PM>10µm. O conteúdo em Ole e 1 foi directamente proporcional ao número de grãos de pólen no ar atmosférico, tendo-se encontrado uma correlação positiva entre os valores diários dos dois parâmetros. Comparando as épocas estudadas, os conteúdos totais de Ole e1 e de pólen não foram proporcionais, tendo-se observado que a carga alergénica por grão de pólen variou mais de 3x. Conclusões: Estes resultados sugerem que o Ole e 1 está preferencialmente associado aos grãos de pólen. Os conteúdos em pólen e Ole e 1 variaram inter-anualmente, tendo a carga alergénica dos grãos de pólen sido diferente. Este trabalho poderá assim contribuir para o desenvolvimento de um indicador que permita melhorar a previsão do risco de exposição a aeroalergenos. Agradecimentos: Este foi realizado no âmbito do projecto europeu HIALINE (Executive Agency for Health and Consumers, grant agreement No 2008 11 07).
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