Resumo: | D. Sebastião é, provavelmente, o Rei português mais estudado e descrito, quer no que respeita à variedade de autores, quer no que respeita à quantidade de textos (em prosa e em verso), quer mesmo no que respeita à diversidade de outras formas de arte – Toda a historiografia dedicada a D. Sebastião é centrada na questão da sua incúria relativamente à sucessão e ao resultado de Alcácer-Quibir. Talvez não seja para menos: afinal de contas, o que conta em História é o que aconteceu e o que aconteceu teve consequências graves para Portugal. Mas relatar o que aconteceu é insuficiente para explicar a História – e quando não é explicada, a História transforma-se em história, uma mera e enfadonha base de dados de eventos, actores, datas e lugares. Não é verdade que D. Sebastião tivesse descurado a questão da descendência – apenas as possibilidades de casamento que foram levantadas foram mal sucedidas por razões várias e não totalmente imputáveis ao rei. Tal como houve razões de Estado, razões estratégicas bem meditadas, que aconselhavam o envolvimento no Norte de África face ao que estava em jogo… e na situação que se vivia então, o risco era baixo. A análise do percurso governativo de D. Sebastião inserida no contexto doméstico e internacional em que ele viveu permite ajuizar sobre as suas motivações e julgar da justeza da sua decisão de intervir no Norte de África e de aceitar a batalha em que se perdeu.
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