Resumo: | Na área forense, a discriminação de inocentes e mentirosos é ainda um desafio. Um aspeto importante a considerar, no sentido de prevenir erros, são as características individuais. Neste estudo atentamos ao nível de ansiedade social, uma característica relevante a considerar, uma vez que pessoas com elevada ansiedade social se tornam suscetíveis de serem consideradas menos credíveis, podendo ser interpretadas como estando a mentir, mesmo dizendo a verdade. Pretendíamos ainda comparar os efeitos de dois tipos de entrevista na discriminação destes indivíduos. Deste modo, na amostra foram incluídas pessoas com diferentes níveis de ansiedade social. Foram entrevistadas a dizer a verdade ou a mentir, com recurso e comparação da entrevista de recolha de informação e da entrevista acusatória. Várias dimensões associadas à mentira (esforço mental, nervosismo, controlo do comportamento, detalhe e plausibilidade do discurso) foram avaliadas por observadores, aos quais foi pedido que discriminassem a veracidade dos discursos. Os resultados sugerem que os níveis de ansiedade social têm influência na avaliação do esforço mental, nervosismo e detalhe do discurso. Contrariamente ao esperado, os entrevistados inocentes com elevada ansiedade social foram nos dois tipos de entrevista mais corretamente discriminados do que os mentirosos com baixo nível de ansiedade social. As taxas de acerto foram mais favoráveis para os relatos obtidos com a entrevista acusatória, para todos os grupos exceto os entrevistados inocentes com baixa ansiedade social. Verificou-se que os níveis de ansiedade social podem influenciar a opinião sobre características relacionadas com a deteção da mentira o que em última instância pode afetar a tomada de decisão sobre a inocência dos suspeitos.
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