Resumo: | Problematizando a cidade do ponto de vista das migrações, e em particular a migração de portugueses para Londres, a presente dissertação visa contribuir para o conhecimento da atual emigração portuguesa para o Reino Unido, e em especial para Londres, procurando compreender a relação dos portugueses com o espaço, com os seus habitantes e as suas perceções sobre a «comunidade» portuguesa emigrante. A partir dos dados recolhidos através de entrevistas e do trabalho de campo foi-nos possível identificar a existência de dois discursos que separam portugueses estabelecidos dos emigrantes recém-chegados, dicotomia que servirá de base à nossa análise. Estas dissemelhanças manifestam-se sobretudo em relação a: i) perceções da cidade; ii) formas de interação (com outros portugueses, com outros migrantes e com os autóctones); iii) discursos sobre identidade. Tendo como base esta análise, ao longo deste trabalho iremos desenvolver três argumentos principais: em primeiro lugar, defenderemos a impossibilidade de retratar os emigrantes portugueses em Londres enquanto membros de uma «comunidade» homogénea; em segundo lugar, argumentaremos que esta fragmentação se reflete no espaço originando diferenças tanto nos padrões residenciais dos estabelecidos e dos recém-chegados como nos espaços ocupados por estes; em terceiro lugar, enfatizaremos a imensa complexidade da atual migração portuguesa e a sua reprodução nas diferentes conceções de «comunidade» na própria forma como cada um vive a sua portugalidade.
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