Resumo: | A integração dos princípios de sustentabilidade representa um dos maiores desafios da sociedade atual e, em particular, das organizações. Vários estudos têm mostrado as consequências provocadas pelas organizações desportivas (especialmente devido aos eventos desportivos), tanto a nível económico, como a nível ambiental e social. No entanto, são raras as publicações que estudam a sustentabilidade de forma integrada no âmbito das organizações desportivas. O principal objetivo da dissertação foi realizar uma avaliação que permitisse traçar o perfil de sustentabilidade das organizações desportivas nacionais, adotando como caso de estudo o setor do futebol. A avaliação foi organizada segundo aspetos e medidas para cada uma das três dimensões da sustentabilidade (económica, ambiental e social). Adicionalmente pretendeu estudar-se a importância atribuída às partes interessadas e o estado de implementação atual de instrumentos de sustentabilidade nestas organizações. Foram realizadas entrevistas exploratórias junto de atores-chave e elaborado um questionário baseado no modelo concetual desenvolvido. Este foi construído a partir das orientações de documentos setoriais e instrumentos de sustentabilidade aplicáveis no setor e no contexto português. O questionário foi direcionado às dezoito organizações desportivas que participaram na Primeira Liga Portuguesa de Futebol na época 2015/2016. Obteve-se uma taxa de resposta de cerca de 56%. A dimensão económica foi considerada a mais relevante, seguida da dimensão social e, por último, da dimensão ambiental. A nível económico verificou-se que as medidas consideradas mais importantes e com maior implementação atual são as que se relacionam com questões sociais. Quanto à dimensão ambiental, os aspetos considerados mais relevantes são os relacionados com possíveis ganhos económicos resultantes da redução dos consumos (água, energia e materiais). A dimensão social apresentou os melhores resultados globais para a relevância dos aspetos e a importância das medidas. As medidas do envolvimento e desenvolvimento das comunidades são as que carecem de mais implementação. Os adeptos, os patrocinadores/parceiros comerciais, os jogadores da formação e famílias, os jogadores profissionais dos clubes e outros funcionários foram consideradas as partes interessadas mais importantes na promoção da sustentabilidade. Por oposição, a gestão de topo, a imprensa e media, as instituições governamentais, os concorrentes (outros clubes e adeptos) e as organizações não-governamentais foram tidas como as menos importantes. Em relação aos instrumentos de gestão apenas uma organização tem implementada a norma ISO 14001 e duas a ISO 9001. Os resultados revelam que é a nível ambiental que existe maior margem de progressão para a implementação de medidas. Este trabalho poderá contribuir como base para o desenvolvimento futuro de estratégias de sustentabilidade nas organizações desportivas.
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