Resultados Reportados pelos Doentes em Reumatologia

O espetro de doenças reumáticas atualmente conhecidas é vasto e a sua apresentação clínica é complexa e desafiante, não existindo, à data, nenhum método auxiliar de diagnóstico que, sozinho, consiga substituir o médico no ato de as diagnosticar. Assim, o diagnóstico das diferentes doenças reumáticas...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Afonso, Ana Marta Leitão (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2020
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.6/10666
Country:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/10666
Description
Summary:O espetro de doenças reumáticas atualmente conhecidas é vasto e a sua apresentação clínica é complexa e desafiante, não existindo, à data, nenhum método auxiliar de diagnóstico que, sozinho, consiga substituir o médico no ato de as diagnosticar. Assim, o diagnóstico das diferentes doenças reumáticas baseia-se essencialmente na realização de uma história clínica e exame objetivo pormenorizados, complementados com estudo analítico e imagiológico. Contudo, a dor e as limitações funcionais são queixas frequentes nos doentes reumatológicos e a sua mensuração é muitas vezes complexa. Nos anos 80, começou a constatar-se a importância das informações reportadas pelos doentes, “Patient Reported Outcomes” (PRO), e começaram a desenvolver-se questionários de auto-preenchimento, fornecidos ao doente, na tentativa de compreender todas as implicações que a doença tem na sua vida pessoal, social, laboral e emocional. Por esta visão privilegiada, estes questionários foram ganhando progressivamente mais importância, existindo, atualmente, três grandes grupos de instrumentos de avaliação de resultados reportados pelos doentes: instrumentos genéricos, instrumentos específicos de sintoma ou domínio e os instrumentos específicos de doença ou população. Assim, hoje compreende-se que a avaliação clínica, baseada no exame objetivo e exames complementares de diagnóstico, e a avaliação da doença e do estado de saúde pelo próprio doente são absolutamente complementares. Em doentes com artrite reumatóide, por exemplo, uma das doenças reumáticas em que os resultados reportados pelos doentes têm sido mais estudados, são usados atualmente, na prática clínica, índices de atividade da doença, que integram não só componentes objetivos, dependentes da avaliação do médico e de valores laboratoriais, mas também a componente subjetiva de avaliação da dor e da doença pelo doente. Estes instrumentos, por contemplarem as duas vertentes, contribuem para delinear intervenções terapêuticas mais empáticas e abrangentes e, que se acredita, com mais sucesso global. Contudo, ainda é necessário adequar os questionários que integram estes índices àquelas que parecem ser grandes necessidades dos doentes: adequado controlo da dor, melhoria da fadiga e aumento da independência. A Reumatologia em Portugal é um bom exemplo da aplicação dos resultados reportados pelos doentes na prática clínica. Desde 2013, com a criação de uma área específica para o doente na plataforma Reuma.pt, a adesão dos doentes reumatológicos ao preenchimento de questionários de reporte das suas perspetivas aumentou de um modo considerável, havendo lugar para uma melhor adequação dos cuidados às necessidades e expectativas do doente e contribuindo para uma melhor vivência com a doença e evolução clínica. A inclusão dos PRO na avaliação dos doentes reumatológicos é, assim, a assunção da prática de cuidados centralizados no doente.