Resumo: | Universalmente, um dos objetivos dos pais consiste na promoção do bem-estar e desenvolvimento pleno da criança. No entanto, verificam-se diferenças no exercício da parentalidade em função da etnicidade e cultura. Grande parte dos estudos focam-se, sobretudo, nas conceções das mães, descurando os pais nesta análise. Neste contexto, o presente trabalho pretende contribuir para um melhor conhecimento sobre esta temática em grupos minoritários de modo a defender os direitos e proteção das crianças, através da promoção do seu bem-estar e desenvolvimento integral (Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, 1999). Visto que a população Cabo-Verdiana constitui o segundo grupo de imigrantes mais representativo em Portugal, este trabalho visa 1) Analisar quais as crenças educativas e os valores que pais e mães Cabo-Verdianos, a residir em Portugal, procuram transmitir aos filhos; 2) Identificar as suas práticas e estilos parentais e 3) Explorar em que medida a aculturação se inscreve no exercício da sua parentalidade. Para responder aos objetivos propostos, realizaram-se 13 entrevistas individuais semiestruturadas, com pais (N=7) e mães (N=6) de origem Cabo-Verdiana a residir em Portugal. Em termos gerais, das entrevistas conduzidas salienta-se o desenvolvimento de valores morais e sociais, e o desenvolvimento social e pessoal dos filhos como principais metas parentais. Por seu lado, o estilo autoritativo parece ser o mais expressivo nos discursos de pais e mães Cabo-Verdianas, bem como o recurso a práticas indutivas. Os participantes destacam, também, que a parentalidade Cabo-Verdiana é mais punitiva do que a Portuguesa, revelando-se importante no exercício da parentalidade para um significativo número de pais e mães. Os resultados serão discutidos à luz das teorias existentes sobre este tópico de pesquisa.
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