Summary: | Contexto: Várias investigações mostraram que as experiências dissociativas e as experiências traumáticas se relacionam com as perturbações do comportamento alimentar. Objectivo: A presente investigação tem como objectivo investigar as experiências dissociativas e traumáticas em doentes com perturbação do comportamento alimentar. Quisemos saber se as experiências dissociativas e traumáticas são comuns em doentes com patologia alimentar, verificar se há associação entre o trauma e a dissociação nestas doentes e, também quais são os factores que predizem a dissociação. Método: Utilizámos a Mini International Neuropsychiatric Interview (versão portuguesa 5.0.0), como meio de diagnóstico das perturbações do comportamento alimentar; utilizámos também a Dissociative Experiences Scale (DES), a Adolescent Dissociative Scale (A‐DES), o Somatoform Dissociation Questionnaire (SDQ‐20) e a Traumatic Events Checklist (TEC). Para avaliar os sintomas psicopatológicos e a depressão, administrámos, respectivamente, o Brief Symptom Inventory (BSI) e o Beck Depression Inventory (BDI). A nossa amostra é constituída por mulheres com perturbações alimentares (N = 38), incluindo mulheres com anorexia nervosa (n = 20) e com bulimia nervosa (n = 18). A média total de idade da nossa amostra é de 23,92. Resultados: Há diferenças estatisticamente significativas entre as subamostras na dissociação psicoforme (p = 0,02) e na dissociação somatoforme (p = 0,00). No total de presenças traumáticas, há diferenças estatisticamente significativas entre as duas subamostras. O trauma e os sintomas psicopatológicos correlacionam‐se com a dissociação psicoforme e somatoforme. Nesta correlação destacamos especificamente o trauma ocorrido até aos 6 anos e o que ocorre na família de origem. Os sintomas de fobia e o ter uma relação são preditores de dissociação psicoforme; e os sintomas de ansiedade são preditores da dissociação somatoforme. Conclusão: Os nossos resultados devem ser vistos a título de ensaio e como preliminares. A serem confirmados no futuro, as implicações terapêuticas são importantes. Na intervenção terapêutica com doentes com perturbação alimentar, a avaliação da dissociação e do trauma devia fazer parte da anamnese de rotina. /
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