Summary: | A construção de narrativas é um dos elementos centrais no funcionamento dos mercados financeiros modernos. Neste artigo analisamos as estratégias discursivas de um conjunto de gestores de empresas públicas de Portugal perante uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Essa comissão foi criada pela Assembleia da República em 2013 para investigar as perdas verificadas pela celebração de contratos derivados (swaps) nas empresas públicas. Recorrendo a conceitos de várias áreas, entre as quais a sociologia das finanças e a psicologia cognitiva, a nossa análise revela que as condições de incerteza e as ilusões cognitivas dos gestores influenciaram as suas narrativas de racionalização. As relações de poder entre os atores sociais em presença (poderes públicos, bancos, empresas) transparecem igualmente no discurso dos gestores. Nas nossas conclusões evidenciamos as implicações destes fatores para a construção de uma visão mais contextualizada das relações financeiras.
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