Summary: | [Excerto] É fácil resumir os factos principais de uma vida. Leonor nasceu na segunda metade do século XV, em 1458, numa das principais famílias do reino, aparentada de perto com a Casa Real tanto pela parte do pai como pela da mãe. O pai morreu quando ela estava para entrar na adolescência, mas a mãe, Beatriz, viveu até 1506. Casou aos 13 anos com um primo direito, herdeiro da Coroa, D. João, depois rei segundo do nome; teve um único filho, Afonso, aos 17 anos, que viria a morrer de acidente, já casado com a filha mais velha dos Reis Católicos, Fernando e Isabel1. Dos seus irmãos, um foi morto a sangue-frio, pelo marido, ou seus acólitos, em castigo por ter conspirado contra o rei. Morto o filho em 1491 e não tendo o casal reinante outros herdeiros, Leonor opor-se-ia tenazmente a que o marido legitimasse o seu único bastardo, D. Jorge, com vista a sentá-lo no trono. Esforços de D. João II nesse sentido junto do papa resultaram infrutíferos. Leonor conseguiu então, sozinha ou com aliados, persuadir o rei e marido a nomear por herdeiro o irmão que restava, D. Manuel. D. João II haveria de morrer sem a família, no Algarve, porque nem a rainha nem o cunhado assistiram à sua agonia. D. Manuel seria então rei, e ele e a irmã parece terem vivido tranquilos o resto das vidas. Felizes, não sabemos: provavelmente D. Manuel mais do que a irmã, já que ficou conhecido, até pelos seus contemporâneos, como «venturoso». Não juntos, mas próximos geográfica e afetivamente um do outro, como veremos. Foi ela a regente quando D. Manuel abandonou por meses o reino para ir a Castela e Aragão ser jurado herdeiro da Coroa, tendo tido, portanto, uma experiência direta do exercício do poder monárquico. [..]
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