Dogs (Canis lupus familiaris) from the Iberian Peninsula dated to the Chalcolithic period: a genomic approach

Os cães existem na Península Ibérica pelo menos desde o Paleolítico Superior; o resto arqueológico mais antigo data há cerca de 16,000 AP (Erralla, Espanha). Existem diferentes teorias sobre a origem dos cães na Europa. Estudos anteriores indicam que os cães podem ter chegado à Europa a partir de um...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Blaschikoff, Ludmilla Paixão (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2019
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10773/26896
País:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/26896
Descrição
Resumo:Os cães existem na Península Ibérica pelo menos desde o Paleolítico Superior; o resto arqueológico mais antigo data há cerca de 16,000 AP (Erralla, Espanha). Existem diferentes teorias sobre a origem dos cães na Europa. Estudos anteriores indicam que os cães podem ter chegado à Europa a partir de uma população domesticada de lobos oriundos da Ásia Oriental, ou a partir de duas populações de lobos geneticamente distintas da Eurásia Oriental e Ocidental, domesticadas independentemente, e que mais tarde, a população de cães da Eurásia Oriental se espalhou e substituiu parcialmente a população da Eurásia Ocidental. Um estudo recente focando na composição genética de 6 cães Ibéricos do período Mesolítico, sugeriu que uma domesticação local na Península Ibérica pode ter ocorrido na Europa pré-Neolítica. Considerando o debate mantido sobre a origem dos cães, é crucial desvendar a composição genética de populações passadas e periféricas da Europa – usando métodos específicos para recuperar e analisar o DNA ancestral, de diferentes períodos, a fim de investigar a origem e a trajetória evolutiva dos cães no seu global. Nomeadamente, pode revelar-se importante por fornecer dados sobre uma possível contribuição do lobo Ibérico para a origem dos primeiros cães Ibéricos e informação genómica potencialmente útil para a detecção de eventos de hibridação histórica entre o cão e o seu parente selvagem, o lobo Ibérico – uma subespécie endêmica e atualmente considerada “Em perigo” de extinção. Esta informação pode ser englobada aquando a definição de medidas de gestão e conservação futuras para a espécie selvagem lobo Ibérico. Neste trabalho, uma abordagem genómica (Next Generation Sequencing, NGS) foi a escolhida para recuperar sequências do genoma mitocondrial (mt) e nuclear de Canis de três sítios arqueológicos Ibéricos datados do Calcolítico [ca. 5,000- 4,000 anos atrás]: dois cães de Leceia em Oeiras, Portugal; dois cães de Casetón de La Era em Valladolid, Espanha; e um lobo de Penedo de Lexim em Mafra, Portugal. Utilizando as ferramentas de bioinformática actuais, esses genomas foram identificados e compilados. Além disso, para entender a relação de populações passadas/modernas, construiu-se uma rede filogenética (baseada num fragmento parcial da região controlo do mtDNA) reunindo 254 sequências de Canis, bem como uma árvore filogenética de 23 mitogenomas de Canis disponíveis em bases dados públicos. Embora a recuperação e análise do genoma nuclear sejam um maior desafio se proveniente de amostras ancestrais, este foi investigado para a identificação do sexo molecular desses 5 espécimes. Relativamente ao estudo dos cães pré-históricos da Ibéria, esta é a primeira tentativa de aplicar com sucesso o método NGS para investigar a sua composição genética. Neste estudo, foi possível: gerar sequências do genoma mitocondrial (com 1x a 17x de cobertura) e recuperar entre 0.09% e 3.75% do genoma nuclear endógeno das 5 amostras do Calcolítico; identificar haplótipos de DNA mitocondrial e atribuí-los a dois (A e C) dos quatro principais haplogrupos descritos para os cães (A, B, C e D); gerar dados genómicos de um lobo Ibérico do Calcolítico que, tanto quanto investiguei, constituem os primeiros dados genómicos de um espécime de lobo da Ibéria e desta cronologia. Os resultados mostram que os cães Ibéricos do Calcolítico apresentavam a mesma frequência de haplótipos do Haplogrupo A (Hg anteriormente presente neste território, em contraste com as outras regiões da Europa), bem como do Haplogrupo C (já presente em outras regiões da Europa desde o Paleolítico).