Mercúrio na Ria de Aveiro: associações, reactividade e especiação

A região da Ria de Aveiro tem sido submetida aos efeitos de diversos tipos de poluição, sendo uma das mais preocupantes a causada pelo mercúrio, proveniente de um efluente industrial de uma fábrica produtora de cloro e soda cáustica. Para melhor compreender o ciclo do mercúrio na coluna de água e se...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ramalhosa, Elsa Cristina Dantas (author)
Format: doctoralThesis
Language:por
Published: 2018
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/23925
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/23925
Description
Summary:A região da Ria de Aveiro tem sido submetida aos efeitos de diversos tipos de poluição, sendo uma das mais preocupantes a causada pelo mercúrio, proveniente de um efluente industrial de uma fábrica produtora de cloro e soda cáustica. Para melhor compreender o ciclo do mercúrio na coluna de água e sedimentos numa zona não sujeita à descarga directa da fonte principal do mercúrio, realizaram-se amostragens de 1996 a 2000 no Largo do Laranjo e determinaram-se os níveis de mercúrio, os fluxos do metal entre os diversos compartimentos que constituem o sistema aquático, as associações existentes com outros parâmetros e ainda a especiação do mercúrio nos sedimentos. Para a especiação do mercúrio em sedimentos desenvolveu-se uma metodologia analítica de cromatografia líquida de alta eficiência – oxidação por ultravioleta – vapor frio – espectrofotometria de fluorescência atómica, com um baixo limite de detecção (10±2 pg) quando comparado com os resultados obtidos noutros trabalhos que referem a mesma técnica de separação. Esta metodologia permite a análise de quatro amostras em seis horas de operação quando se utiliza o método da adição de padrão. Desenvolveram-se e optimizaram-se os métodos de extracção dos compostos orgânicos de mercúrio em sedimentos e materiais biológicos, tendo-se reduzido consideravelmente o tempo necessário, de 3 horas para 1 a 2 minutos em relação a métodos convencionais similares. Demonstrou-se que a digestão alcalina num microondas é um método rápido, simples e eficiente, que pode ser usado em estudos relacionados com a especiação de mercúrio nessas duas matrizes. Verificou-se que o mercúrio não apresenta um comportamento conservativo na coluna de água do Largo do Laranjo. As maiores concentrações de mercúrio dissolvido (total e reactivo) são observadas em baixa-mar, sendo as percentagens de mercúrio reactivo bastante baixas nas duas condições de maré: 32% na baixa-mar e 13% na preia-mar. A presença de matéria orgânica dissolvida pode ter um papel importante nos baixos valores observados para a percentagem de mercúrio reactivo. Relativamente à fracção particulada verifica-se que existem entradas importantes de matéria particulada em suspensão proveniente de várias zonas da Ria e/ou ocorre ressuspensão, dos sedimentos superficiais, induzida pela maré. A fracção particulada apresenta as maiores concentrações de mercúrio total na baixa-mar, sendo a fracção reactiva uma parcela importante do total. Nas duas situações de maré obtiveram-se percentagens de mercúrio reactivo bastante semelhantes: na baixa-mar, a mediana é igual a 80% e na preia-mar, a mediana é igual a 79%. O material permanentemente em suspensão é mais rico em mercúrio total e reactivo do que o temporariamente em suspensão, facilitando o transporte do mercúrio ao longo da Ria de Aveiro. Os coeficientes de distribuição de mercúrio, calculados a partir das concentrações de mercúrio total para as fracções particulada e dissolvida, variam entre 4.1x104 a 1.5x106 dm3 kg-1 em baixa-mar e entre 1.0x104 a 2.8x105 dm3 kg-1 em preia-mar. Estes valores significam que cerca de 77% e de 58% do mercúrio é transportado na fracção particulada do Largo do Laranjo na baixa-mar e preia-mar, respectivamente, demonstrando que o mercúrio está mais associado à fracção particulada do que à dissolvida.