Metaplasia colunar do esófago: da epidemiologia à morfologia

A primeira referência à entidade que hoje conhecemos por Esófago de Barrett remonta a 1906 1, quando Tileston descreveu uma “úlcera do esófago distal, sobrejacente ao cárdia, com aspectos macro e microscópicos sobreponíveis aos da úlcera gástrica”. Porém, a metaplasia colunar do esófago, também conh...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Pereira, Daniela Cristina Vinha (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2013
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.6/1061
País:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/1061
Descrição
Resumo:A primeira referência à entidade que hoje conhecemos por Esófago de Barrett remonta a 1906 1, quando Tileston descreveu uma “úlcera do esófago distal, sobrejacente ao cárdia, com aspectos macro e microscópicos sobreponíveis aos da úlcera gástrica”. Porém, a metaplasia colunar do esófago, também conhecida como metaplasia ou Esófago de Barrett (EB), ainda hoje é motivo de controvérsia, estando o seu estudo longe de ser um capítulo encerrado. É conhecida a relação estreita entre o EB e o refluxo gastroesofágico prolongado 2,3 e um dos motores impulsionadores da investigação nesta área é o facto de se tratar de uma condição pré-maligna, associada à biopatogenia do adenocarcinoma (ADC) do esófago. 3,4 Esta é a neoplasia cuja incidência, apesar de baixa, mais cresceu nas últimas décadas, no mundo ocidental 5, tendo um prognóstico sombrio, com uma sobrevivência aos 5 anos inferior a 20%. 6 A sequência metaplasia displasia carcinoma, descrita por Haggitt em 1978 4, traduz a evolução do EB para ADC do esófago. Porém, nem todos os casos de metaplasia colunar do esófago evoluem para ADC e, neste ponto, tornou-se evidente que o fenótipo intestinal é o indicador major de risco de transformação maligna. 7-9 Para além deste tipo epitelial, caracterizado pela presença de células caliciformes, foram identificados nos segmentos metaplásicos outros 2 epitélios habitualmente presentes no estômago: o juncional 10 ou cárdico 11 e o fúndico-atrófico 10 ou oxíntico-cárdico 11. Segundo Chandrasoma 11, a substituição metaplásica do epitélio pavimentoso normal do esófago progride de acordo com a sequência: mucosa de tipo cárdico oxíntico-cárdico intestinal. 12 Tendo em conta esta evolução temporal, e conhecendo a instabilidade do EB, seria de considerar a hipótese de a metaplasia intestinal (MI) aumentar com o tempo de doença. Neste contexto, no decorrer da elaboração da monografia surgiu a necessidade de explorar um pouco mais o comportamento da relação dos dois tipos epiteliais metaplásicos (intestinal e não intestinal), tendo em conta a duração do refluxo, pelo que desenvolvi um estudo retrospectivo longitudinal observacional com uma amostra de doentes com Esófago de Barrett seguidos no Instituto Português de Oncologia de Lisboa, procurando avaliar a percentagem de metaplasia intestinal em 3 momentos distintos da evolução de cada doente, sua correlação com a duração dos sintomas de refluxo e extensão dos segmentos metaplásicos. Não foi testemunhada a progressão da MI, mas também não se verificou uma diminuição da mesma, o que corrobora a estabilidade deste fenótipo.