Summary: | Entre Fevereiro de 2000 e Julho de 2001 procedeu-se à captura de espécimens de Sepia officinalis na Ria de Aveiro e zona costeira adjacente e Ria Formosa. Foram determinadas as concentrações de Zn, Cu, Fe, Cd, Pb, Hg, PCB, DDT e metabolitos e dieldrina na glândula digestiva, manto e ovário. As concentrações de Zn, Cu, Fe, Cd e organoclorados registadas na glândula digestiva foram largamente superiores às do manto e ovário, sugerindo para a glândula digestiva um papel crucial na sequestração desses elementos essenciais e contaminantes. Este papel regulador foi especialmente evidente para o Zn, Cu e Cd: o incremento da exposição ambiental de S. officinalis a estes metais, aquando das migrações sazonais entre a zona costeira e a Ria de Aveiro, reflecte-se apenas na glândula digestiva; os espécimens da Ria de Aveiro, laguna mais contaminada por Cd, apresentaram na glândula digestiva os teores mais elevados desse elemento. De um modo geral, as concentrações de metais na glândula digestiva, manto e ovário não variaram com o peso de S. officinalis. Contudo, as razões Cd:Zn e Cd:Cu foram particularmente elevadas na glândula digestiva dos espécimens da zona de Aveiro e aumentaram linearmente com o crescimento dos indivíduos. Os resultados propõem a glândula digestiva como um potencial órgão indicador da disponibilidade ambiental de metais. Por outro lado, o aumento das razões Cd:Zn e Cd:Cu com a idade parece constituir uma resposta à contaminação ambiental por Cd. Os teores de organoclorados na glândula digestiva e ovário variaram com o teor de lípidos. S. officinalis acumulou preferencialmente os hexa- e os heptaclorobifenilos na glândula digestiva, manto e ovário.
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