Resumo: | A fotopletismografia (FPG) é uma técnica não-invasiva que pode ser usada durante a anestesia de modo a monitorizar ondas de pulso associadas a mudanças no volume sanguíneo na rede vascular periférica. Este estudo teve como objetivos determinar quais os elementos espetrais que constituem o sinal de FPG obtido no cão e avaliar a atividade cardíaca e respiratória durante a anestesia pré-operatória com recurso a esta técnica. A população estudada incluiu quatro cães que se apresentaram no Hospital Veterinário do Porto, no período de novembro de 2015 a março de 2016, e que foram submetidos a uma pré-medicação anestésica através da administração intramuscular de dexmedetomidina (Dextomitor, Zoetis, EUA) na dose de 5 μg/Kg e metadona (Semfortan, Esteve, Espanha) na dose de 0,35 mg/Kg. O sensor de FPG foi colocado na base da cauda após tricotomia da zona. Este foi ligado a uma placa hardware Bitalino (Plux, Portugal) conectada a um computador por via bluetooth, de forma a visualizar in loco o sinal de pulso periférico. O sinal foi analisado antes e depois da administração da pré-medicação e os dados foram recolhidos durante 3 a 5 minutos em ambos os momentos. Posteriormente, os dados obtidos foram analisados com recurso ao programa informático MatLab (MathWorks, Estados Unidos da América) e o sinal de FPG decomposto nas suas várias frequências com recurso à transformada de wavelet. Finalmente, foram analisados e comparados os valores de atividade cardíaca e respiratória, mínima e máxima, encontrados antes e depois da administração da pré-medicação anestésica. Neste estudo, apenas foram encontradas diferenças significativas quando comparados os grupos referentes à atividade cardíaca máxima (p = 0,043), sendo que nos restantes parâmetros, embora não tenha sido detetada nenhuma diferença significativa, detetou-se um decréscimo dos valores após a administração da pré-medicação. Na avaliação espetral no sinal de FPG, foram detetadas 7 ondas de frequência e estas caraterizadas segundo estudos já efetuados em humanos. A técnica de FPG, embora já bastante descrita em Medicina Humana, ainda não foi analisada de modo a ser utilizado todo o seu potencial em animais de companhia. Assim sendo, este trabalho permitiu uma primeira abordagem ao estudo espetral da FPG em Medicina Veterinária e permitiu avaliar as potencialidades que a técnica de FPG oferece na monitorização de sinais vitais no cão.
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