Ferimentos autoinfligidos : a perspetiva do psicólogo

Os ferimentos autoinfligidos podem ser definidos como a destruição deliberada e autoinfligida de tecidos corporais sem intenção suicida. Os psicólogos possuem um papel importante no tratamento desta problemática para diminuir ou eliminar os ferimentos apresentados pelos utentes. Contudo, uma vez que...

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Bibliographic Details
Main Author: Silva, Margarida Raquel Araújo da (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2021
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.14/33081
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/33081
Description
Summary:Os ferimentos autoinfligidos podem ser definidos como a destruição deliberada e autoinfligida de tecidos corporais sem intenção suicida. Os psicólogos possuem um papel importante no tratamento desta problemática para diminuir ou eliminar os ferimentos apresentados pelos utentes. Contudo, uma vez que não existe nenhum modelo de tratamento específico para tratar os ferimentos autoinfligidos que apresente evidência empírica, pode existir alguma incerteza sobre as abordagens a utilizar por parte dos profissionais, dando a responsabilidade ao psicólogo de perceber e selecionar os vários modelos para o caso específico. E, por isso o principal objetivo deste estudo é compreender os ferimentos autoinfligidos na perspetiva do psicólogo. Enquanto que os objetivos específicos prendem-se com explorar a compreensão dos psicólogos sobre a etiologia dos ferimentos autoinfligidos, identificar e analisar os modelos da abordagem psicológica mais utilizados e as principais dificuldades experienciadas no trabalho clínico e explorar as perceções dos psicólogos sobre os elementos chave no trabalho com indivíduos que apresentam ferimentos autoinfligidos. Participaram neste estudo 9 psicólogos do género feminino, com idades compreendidas entre 28-43 anos, inscritos na Ordem dos Psicólogos Portugueses. A recolha de dados foi realizada através de uma entrevista semiestruturada, que explora a concetualização dos ferimentos autoinfligidos e os modelos de tratamento utilizados no acompanhamento de casos de ferimentos autoinfligidos. As entrevistas foram analisadas de acordo com o método de análise qualitativa consensual. Os resultados demostraram que existe consenso na definição dos FAI sendo estes considerados um ato de autoagressão sem ideação suicida, o que vai de acordo com a literatura. Como modelos mais eficazes, foram encontradas a Terapia dialética comportamental e modelo Human Behavior Map. Enquanto como modelos mais utilizados temos a terapia cognitivo comportamental e o Human Behavior Map. Como principais desafios ao tratamento os participantes referiram a gestão emocional do processo/ contratransferência, em que o psicólogo não deve projetar algo no utente, Gerir a relação terapêutica em que o psicólogo deve gerir a relação de forma a evitar mal-entendidos e colocar utentes á vontade para partilharem a informação, autorregulação do utente em que o utente não se sente confortável para partilhar informação e dificuldades em trabalhar com as famílias, em que os participantes consideram difícil gerir a família como coterapeutas. Deste modo, o psicólogo deve conseguir contornar estes desafios e possuir uma boa base teórica para efetuar uma intervenção eficaz.