Jornalismo participativo: tecnologia, comunicação e o papel do jornalista

A participação dos cidadãos no processo noticioso lança desafios ao jornalismo e leva a repensar conceitos determinantes como a mediação e o gatekeeping. Produzir e consumir informação, experiências que antes estavam bem definidas, confundem-se agora numa ambivalência que levou a designações como pr...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Rodrigues, Catarina (author)
Formato: doctoralThesis
Idioma:por
Publicado em: 2015
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.6/3297
País:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/3297
Descrição
Resumo:A participação dos cidadãos no processo noticioso lança desafios ao jornalismo e leva a repensar conceitos determinantes como a mediação e o gatekeeping. Produzir e consumir informação, experiências que antes estavam bem definidas, confundem-se agora numa ambivalência que levou a designações como produser (Bruns, 2008) e prosumer (Jenkins, 2008). Os gatewatchers (Bruns, 2005) impõem-se aos tradicionais gatekeepers e a visibilidade dos temas pode ser determinada pelos utilizadores (Singer, 2013) num espaço público cada vez mais fragmentado. Um dos caminhos seguidos pelos jornais online passou por criar secções dedicadas à publicação de conteúdos gerados pelos utilizadores, uma possibilidade que aparece identificada com o “jornalismo do cidadão” (Gillmor, 2005; Rosen, 2008; Thurman, 2008) ou “jornalismo participativo” (Bowman and Willis, 2003; Domingo et al, 2007; Singer et al, 2011), entre outros conceitos que identificam práticas semelhantes no contexto da web 2.0. Este trabalho passa por analisar as características do conteúdo publicado pelos cidadãos nos espaços que os seguintes jornais online de Portugal e Espanha proporcionam: Correio da Manhã, Diário de Notícias, jornal i, Jornal de Notícias, El País, El Mundo e La Vanguardia. Verificar se existem elementos característicos da prática jornalística, ou seja, se os cidadãos fazem jornalismo nos espaços denominados “jornalismo cidadão”, é um dos nossos principais objectivos. Os resultados assinalam que os conteúdos observados não se identificam com os procedimentos básicos do jornalismo, fundamentais para garantir a credibilidade da informação. A capacidade dos cidadãos para participar no processo noticioso poderia revigorar a esfera pública (Haas, 2007; Papacharissi, 2009; Hermida, 2011), mas essa ideia, bem como os desafios ao jornalismo tradicional apresentados por este tipo de práticas, estão ainda longe de cumprir as promessas iniciais.