A desqualificação social da classe média em Portugal: uma abordagem qualitativa

A presente investigação, tem como objeto central da pesquisa, analisar as principais dinâmicas de vulnerabilização que afetam a classe média, procurando-se compreender designadamente as dimensões relacionadas com a crise económica, quebra de rendimentos, processos de desagregação e rutura familiar,...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Silva, Catarina Vieira da (author)
Outros Autores: Branco, Francisco (author)
Formato: article
Idioma:por
Publicado em: 2022
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10400.14/36350
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/36350
Descrição
Resumo:A presente investigação, tem como objeto central da pesquisa, analisar as principais dinâmicas de vulnerabilização que afetam a classe média, procurando-se compreender designadamente as dimensões relacionadas com a crise económica, quebra de rendimentos, processos de desagregação e rutura familiar, desqualificação social e sofrimento social. Este trabalho baseou-se, como um dos principais eixos teóricos de pesquisa, no ensaio de Serge Paugam sobre a nova pobreza. Partindo deste conceito como representação e categoria analítica, elaborou-se uma proposta de releitura do conceito de desqualificação social perante os desafios da classe média face à crise económica contemporânea. A pesquisa adotou uma estratégia de cariz qualitativo, com base em entrevistas a cidadãos de classe média que experienciaram no presente e passado recentes processos de desqualificação social, tendo sido reunido um corpus de vinte entrevistas com base no princípio da máxima heterogeneidade. No que se refere à codificação e categorização utilizou-se o software MAXQDA para a análise de dados qualitativos.Os dados recolhidos indiciam que estamos perante cidadãos que se afastam dos atributos apontados pela literatura à classe média, em consequência das trajetórias de mobilidade social descendente ou mobilidade ascensional estagnada provocadas pelos processos de vulnerabilização económica e social a que foram submetidos. Esta investigação permitiu ainda concluir que todos os entrevistados sofreram processos de mobilidade social descendente ou exposição a dinâmicas de mobilidade ascensional estagnada, evidenciando-se que uma grande parte dos cidadãos não recorre aos serviços de apoio e ação social, mobilizando preferencialmente as redes de apoio e solidariedade familiar.