Summary: | O estudo das petições de esmola permite a caracterização dos pobres assistidos, proporcionando variadas e preciosas informações concretas sobre as suas condições de existência: inserção na malha urbana, peso demográfico, repartição etária, por sexos e estados conjugais, caracterização profissional, tipologia e dimensão dos agregados familiares, condições sanitárias, etc. Analisando estes textos, é possível perceber quais eram e como funcionavam os mecanismos de empobrecimento. Que as adversidades pessoais que relatam são, de facto, uma característica da estrutura socio-económica que inelutavelmente os atingia. Que, por isso, um largo espectro social estava sujeito a cair na indigência. São uma fonte de primeira ordem para uma aproximação ao estudo das representações mentais destas camadas sociais e de quem lhes presta assistência. Constituem, de facto, uma documentação excepcional porque, apesar de algum formalismo das frases feitas, são textos ditados ou co-produzidos pelos próprios suplicantes, a palavra tornada escrita de quem é pobre e desvalido, de gente que usualmente não deixa testemunhos na 1a pessoa. Mas nos arquivos das Santas Casas guarda-se a memória dos famintos, vivos na palavra perpetuada em documentos que as Misericórdias souberam conservar.
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