Resumo: | A dinâmica humana exerce uma significativa influência no meio ambiente, sendo de particular acuidade, no que concerne ao efeito de estufa e ao consumo de energia, analisar o sector industrial. No contexto industrial, as questões relacionadas com a emissão de gases com efeito de estufa (GEE) e com as necessidades energéticas adquirem maior relevância na perscrutação do desenvolvimento sustentável. Neste sentido, desenvolvem e testam-se diversas metodologias para a elaboração de uma norma internacional para a quantificação da pegada de carbono de produtos, ou seja, para quantificar as emissões de dióxido de carbono (CO2) e de outros GEE ao longo do ciclo de vida do produto. À data da realização deste trabalho, está disponível para aplicação a projectos-piloto o método PAS 2050:2008 – especificações para a avaliação das emissões de GEE de bens e serviços ao longo do seu ciclo de vida. O presente trabalho propõe-se a quantificar a pegada de carbono de uma peça cerâmica de ornamentação de faiança, mediante as directrizes da metodologia PAS 2050:2008, alicerçada nas ISO 14040:2006 e 14044:2006 e com o apoio do software de análise de ciclo de vida GaBi 4.3. Esta quantificação permite a identificação de locais/pontos onde se registam picos de consumos de energia e/ou de emissões de GEE (hotspots) e onde podem ser implementadas medidas de eficiência energética. Para a determinação das emissões de CO2 equivalente e consumos energéticos relativos ao fabrico da peça cerâmica, aplica-se uma metodologia, em que são necessários os valores dos consumos mensais de gás natural e energia eléctrica, o correspondente número e massa de peças produzidas, relativas ao ano produtivo de 2008, e também a realização de ensaios aos fornos de chacota e vidrado. As emissões de CO2 e e consumos de energia são calculados através da massa final e volume ocupado pela peça. Determina-se, assim, a pegada de carbono da peça cerâmica – 1,4 kg de CO2 e. Este valor é passível de comunicação ao cliente mediante a aplicação da etiqueta de carbono na peça. Quanto aos hotspots identificados, conclui-se que uma eventual alteração da curva de cozedura de chacota (redução do tempo de cozedura) conduziria a um decréscimo no consumo de gás natural de 2 % face ao valor determinado de 1,391 kWh, aquando a quantificação da pegada de carbono da peça.
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