Summary: | As comunidades de macroalgas bentónicas da região do Minho foram estudadas de Setembro de 2002 a Setembro de 2003, numa área de costa de 60Km, compreendida entre a Insua de Caminha e a Apúlia. Foram recolhidas amostras qualitativas em 20 locais, de Setembro de 2002 a Fevereiro de 2003, tendo sido amostrados quantitativamente 12 destes locais de Março a Setembro de 2003. Neste estudo foram amostrados exclusivamente locais de substrato rochoso e expostos ao mar. Foi elaborado um catálogo florístico com 248 species (167 Rhodophyta, 47 Heterokontophyta e 34 Chlorophyta) que abrangeu informação relativa a todos os trabalhos sobre macroalgas bentónicas marinhas publicados até à data, para a região do Minho. Neste trabalho 9 espécies são novas para Portugal (Drachiella spectabilis, Haraldiophyllum bonnemaisonii, Laurencia pyramidalis, Spongomorpha arcta, Ulva pseudocurvata, Ulva simplex, Ulvella lens, Ptilothamnion sphaericum e Callocolax neglectus) e 44 são novas citações para a região do Minho. De Março a Setembro de 2003 foi analisada quantitativamente a variabilidade espacial e temporal das comunidades de substrato rochoso emersas durante o período de baixa-mar e das que ocorriam em poças intertidais permanentes. Foi identificada grande variabilidade ao longo da altura da praia (eixo vertical) bem como entre praias (eixo horizontal) na composição das comunidades de substrato rochoso emersas durante a baixa-mar. No entanto, a variabilidade ao longo do eixo vertical foi maior do que a heterogeneidade existente entre comunidades situadas a alturas semelhantes, mas em praias distintas. Os resultados deste trabalho indicam que as variações na composição das comunidades ao longo dos eixos vertical e horizontal são importantes e devem ser consideradas em estudos sobre os padrões de distribuição espacial dos organismos nesta área. Grande variabilidade foi também identificada na composição das comunidades de macroalgas nas poças estudadas. Todas as poças apresentaram diferenças significativas entre si, mesmo as que estavam situadas a alturas semelhantes e à distância de poucos metros. Foi testada a correlação entre a composição destas comunidades e diversos factores ambientais (altura litoral, comprimento máximo da poça, largura máxima da poça e profundidade máxima da poça). O comprimento máximo da poça foi o único factor que apresentou uma correlação positiva com a composição das comunidades mas mesmo para este parâmetro o valor de correlação encontrado foi muito baixo. Sugerimos neste trabalho, que cada poça é uma entidade única no que se refere à composição das suas comunidades de macroalgas e que os factores ambientais considerados neste estudo não condicionam, de forma significativa, o tipo de comunidades que se desenvolve nestes ambientes.
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