Resumo: | As tipologias das estruturas de forros em estuque construídas no Brasil no século XIX, devido aos conhecimentos aportados pelos artesãos europeus, advindos principalmente de Portugal, França e Itália, representam a influência direta da colonização européia na arquitetura brasileira. A vinda da família Real Portuguesa para o Brasil em 1808 foi determinante na introdução das tipologias mais comuns na arquitectura oitocentista portuguesa. Deste intercâmbio resultou um legado patrimonial que se torna fundamental conservar, sendo para isso importante caracterizar as tipologias construtivas presentes, analisar os materiais envolvidos na sua construção, bem como as anomalias que apresentam no decurso do seu uso ao longo da sua vida funcional tanto em Portugal como no Brasil, comparando-se o desenvolvimento das tipologias bem como as adaptações estruturais para a montagem das mesmas. As alterações decorrentes da sociedade industrial e o incremento da vida urbana provocaram nos edifícios detentores destes forros, impactos consideráveis quer ao nível do comportamento das estruturas originais quer na conservação dos materiais que os constituem, ao ponto de muitos receberem novos arranjos e cargas estruturais incompatíveis com as funções e dimensionamentos originais. De entre as anomalias mais frequentes a biocolonização das estruturas de madeira por ataque de insectos xilófagos e térmitas é uma das que origina muitas deformações e desprendimentos que determinam a perda de resistência mecânica das coberturas. O estudo de soluções de compatibilidade de materiais para aplicação nas intervenções de reabilitação é um dos objectivos desta investigação. Neste artigo visamos demonstrar a importância do levantamento das técnicas construtivas históricas luso-brasileiras tendo por finalidade a definição de metodologias de intervenção menos intrusivas que respeitem a integridade das obras.
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