A vivência da sexualidade e das relações de intimidade em adolescentes com paralisia cerebral

Introdução: A paralisia cerebral constitui-se um grupo de desordens no desenvolvimento do controlo motor e da postura resultantes de uma lesão cerebral, sendo a causa mais frequente de deficiência em idade pediátrica. As repercussões que esta provoca no dia-a-dia dos adolescentes são muitas, afetand...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Lomba, Maria de Lurdes Lopes de Freitas (author)
Format: other
Language:por
Published: 2017
Subjects:
Online Access:http://web.esenfc.pt/?url=NQZLMlmp
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.esenfc.pt:6579
Description
Summary:Introdução: A paralisia cerebral constitui-se um grupo de desordens no desenvolvimento do controlo motor e da postura resultantes de uma lesão cerebral, sendo a causa mais frequente de deficiência em idade pediátrica. As repercussões que esta provoca no dia-a-dia dos adolescentes são muitas, afetando grande parte das suas necessidades humanas fundamentais. A construção de uma relação de intimidade e a vivência da sexualidade, sendo condicionadas pela deficiência, potenciam a dificuldade destes adolescentes em desenvolver uma vida social e relacional satisfatória. Objetivos: O objetivo deste estudo é descrever as necessidades de um adolescente com paralisia cerebral no âmbito da sexualidade, tendo em conta fatores como as características demográficas, as relações sociais, o desenvolvimento de relacionamentos, a atividade sexual, os obstáculos físicos, emocionais e a etapa do ciclo de vida, esperando assim, compreender as influências na formação de relações íntimas/sexuais nesta faixa etária e procurar melhorar o atendimento multidisciplinar. Metodologia: Revisão integrativa da literatura cuja pesquisa bibliográfica foi realizada através do motor de busca EBSCO, com recurso a diversas bases de dados. Os artigos foram selecionados recorrendo ao uso das seguintes palavras-chave e respetivas truncaturas: Cerebral Palsy, Child, Adolescente, Teen e Sexuality. Obtiveram-se 16 artigos com base nos critérios de inclusão e exclusão considerados, e posteriores a 2000. Como critérios de inclusão definiu-se adolescentes entre os 10 e os 19 anos e com paralisia cerebral. Excluíram-se estudos centrados no abuso sexual. Resultados: Os resultados apontam para diversos problemas relacionados com a sexualidade destes adolescentes. Os adolescentes não mencionam a intimidade e a sexualidade como relevante na sua vida, enquanto os seus pais apontam ser este um aspeto que os preocupa, considerando importante que estes mantenham uma relação com o sexo oposto e se sintam confortáveis com a sua sexualidade. O estabelecimento de redes significativas é essencial para a evolução dos adolescentes, sendo que os pais valorizam a disponibilidade dos amigos e o apoio de outros adolescentes com ou sem deficiência. A frequência com que existe uma relação amorosa na população alvo é baixa e mais tardia, quando comparados com adolescentes da mesma idade não portadores da doença. Isto deve-se aos baixos níveis de conhecimento sexual e dificuldades em desenvolver uma relação de intimidade, que advém da baixa autoestima, da preocupação de não serem física e sexualmente atraentes, da estigmatização imposta pela sociedade, além dos menores contatos sociais que esta população tem. Conclusões: Os resultados sugerem diferentes fatores que influenciam o desenvolvimento das relações amorosas e da sexualidade em adolescentes com paralisia cerebral. Em suma, verifica-se que estes adolescentes têm as mesmas necessidades sexuais do que os que não são portadores da doença, embora não refiram que seja um assunto importante na sua vida. Refira-se a dificuldade na abordagem deste tema, pois escasseiam estudos científicos nesta temática, sendo importante investir em estratégias que respondam às necessidades que estes adolescentes requerem, de modo a melhorar a sua autoestima e a sua qualidade de vida.