Tendências da Infecciologia Pediátrica nos Últimos 30 Anos — Experiência de Uma Unidade de Doenças Infecciosas

A ideia de que as doenças infecciosas estariam em vias de erradicação, devido aos avanços nas medidas profilácticas e terapêuticas, tem vindo a ser posta em causa pelo aparecimento de «novas» doenças e reaparecimento de outras, e pela emergência crescente de resistências aos antimicrobianos disponív...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Martins, Paula (author)
Outros Autores: M Prata, Filipa (author), Almeida, Gabriela (author), Neves, Vitor (author), P. Prata, Cristina (author), Soares, Daniel (author), França, Jorge (author), G. Marques, José (author), Pinheiro, Manuel (author), Mota, Luís (author), Valente, Paula (author)
Formato: article
Idioma:por
Publicado em: 2014
Assuntos:
Texto completo:https://doi.org/10.25754/pjp.2000.5341
País:Portugal
Oai:oai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/5341
Descrição
Resumo:A ideia de que as doenças infecciosas estariam em vias de erradicação, devido aos avanços nas medidas profilácticas e terapêuticas, tem vindo a ser posta em causa pelo aparecimento de «novas» doenças e reaparecimento de outras, e pela emergência crescente de resistências aos antimicrobianos disponíveis. Apesar de, no nosso país, a mortalidade pediátrica atribuída às doenças infecciosas ter sido reduzida drasticamente nos últimos 30 anos, a morbilidade por doenças infecciosas continua a pesar fortemente nas estatísticas dos grupos etários pediátricos. A Unidade de Doenças Infecciosas do Serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria serviu de veículo para reflectir a dinâmica da Infecciologia Pediátrica Portuguesa nos últimos 30 anos. Consultaram-se os livros de registo das crianças internadas entre 1 de Janeiro de 1969 e 31 de Dezembro de 1998, e construiu-se uma base de dados, seguida da análise descritiva e estatística dos resultados. No período considerado ocorreram 13.150 internamentos, com um aumento da média de internamentos ao longo das três •décadas. O espectro das patologias foi-se alterando; algumas patologias deixaram de ser internadas, como difteria e poliomielite; outras reduziram francamente a sua representatividade no internamento, como meningite purulenta, sépsis, sarampo e síndroma pertussis; outras emergiram, como infecção pelo VIH e celulite da órbita; outras ainda continuam a ter importância, como infecções respiratórias altas e baixas e diarreias agudas. O total de óbitos foi de 335, tendo a taxa de mortalidade decrescido, francamente, nos primeiros 20 anos, sendo a média nos últimos dez anos de 0,4% com uma variação entre zero e um por cento. Assistiu-se ainda a uma mudança nas causas de morte; sépsis, meningite purulenta, sarampo e síndroma pertussis, deram lugar às complicações infecciosas em crianças com patologias crónicas, nomeadamente do foro imunológico (fundamentalmente crianças com infecção pelo VIH), metabólico e oncológico. A dinâmica dos internamentos na Unidade é não só o reflexo da evolução que algumas doenças sofreram em termos de trinómio — hospedeiro, agente e ambiente —, como o reflexo de novas filosofias de diagnóstico e tratamento, e da realidade de um Serviço que tem sofrido alterações desde 1954.