Summary: | Introdução: O enfermeiro especialista em reabilitação é o profissional que, devido às suas competências e conhecimentos, poderá conceber planos, prescrever intervenções e evitar incapacidades resultantes das lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) junto dos seus pares. Assim, o presente estudo centrou-se em caracterizar a prevalência de ocorrência de LMELT nos enfermeiros, de acordo com a sua natureza institucional de prestação de cuidados, e ainda analisar quais os determinantes associados à prevalência de LMELT na classe de enfermagem, por forma a dar fundamento à intervenção multifacetada do enfermeiro especialista em reabilitação. Métodos: Conceptualizamos um estudo de natureza quantitativa, de tipologia transversal e descritivo-correlacional, com recurso a uma amostra não probabilistica, por conveniência, constituida por 180 enfermeiros, 73,3% sexo feminino, 67% casados e com média de idades de 37,42 anos (dp=8,84). Como instrumento de colheita de dados utilizou-se um questionário de autopreenchimento, com a incorporação de uma ficha de caracterização sociodemográfica, familiar, laboral, comportamental e clínica e um referencial de mensuração da perceção do risco ocorrência de LMELT com base na adaptação do Questionário Nórdico Músculo- Esquelético (QNM). Resultados: A prevalência das LMELT nos enfermeiros não apresenta diferenças estatísticas significativas relativamente à natureza institucional. Contudo o número de problemas músculo-esqueléticos é superior nos enfermeiros que exercem funções no público, em comparação com os que exercem funções no privado, com diferenças significativas para os problemas experienciados nos últimos 12 meses, 3,6 (dp=2,21) vs. 2,54 (dp= 2,26). Similarmente não se verificam associações significativas entre as variáveis em estudo e o desenvolvimento da LMELT. Todavia verifica-se uma proporção superior de LMELT nos indivíduos do sexo feminino, com idades superiores a 35 anos, casados ou em união de fato, com o grau de licenciatura e com familiares a cargo, com aumento do IMC e antecedentes de saúde, a contrato de trabalho, com tempos profissionais superiores a 5 anos, horário fixo e carga horária superior a 35 horas. Contudo, quem apresenta conhecimento da perceção do risco de desenvolvimento de LMELT e uso de equipamentos nos serviços como tábuas transferência, entre outros, apresenta proporções menores da LMELT. Conclusão: Estes resultados apontam para a necessidade de desenvolver novas estratégias na prevenção de LMELT, onde a intervenção do enfermeiro de reabilitação em articulação com as equipas muldisciplinares deve ser fundamental. Palavras-chave: lesões; trabalho; enfermeiros; prevalência; risco; natureza institucional.
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