Resumo: | O presente artigo debruça-se sobre a relação dos ciganos com a escola, tomando como exemplo a população residente num bairro de Lisboa em dois momentos distintos, cada um deles correspondendo à realização de um trabalho de campo: 2003-2005 e 2014-2015. A informação empírica decorrente destas investigações permite afirmar que os ciganos de Lisboa valorizam uma certa aproximação e integração no mundo não-cigano que os rodeia, incluindo o universo educativo, o que os torna naturalmente recetivos a determinadas medidas de combate ao insucesso escolar. Ao mesmo tempo, a escola coloca desafios importantes a esta população: alguns destes desafios mexem com a performação da identidade cigana, enquanto outros decorrem da escassez de condições de ensino que lhe são oferecidas pelos não-ciganos. Numa tal situação, torna-se particularmente importante compreender a posição destas comunidades face à integração para, a partir daí, construir um caminho comum fundado no diálogo em vez de na imposição. Um tal desiderato nem sempre é fácil de conciliar com as políticas sociais, de educação e emprego, daí que a impressão mais marcante acerca do período temporal aqui em causa seja de estagnação.
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