Summary: | Patologia dermatológica numa população sem-abrigo B. Fernandes1, B. Ferreira2, M. Vaquinhas3 1Serviço Dermatologia do Instituto Português de Oncologia de Coimbra 2Serviço Dermatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra 3Escola Superior de Enfermagem de Coimbra Introdução - Considera-se pessoa Sem-Abrigo aquela que, independentemente da sua nacionalidade, origem racial ou étnica, religião, idade, sexo, orientação sexual, condição socioeconómica e condição de saúde, se encontre sem teto, vivendo no espaço público, alojado em abrigo de emergência ou com paradeiro em local precário; ou sem casa, encontrando-se em alojamento temporário destinado para o efeito. Objetivo- Fazer uma observação dermatológica, sempre que possível completa, dos sem-abrigo acompanhados pelo Projeto de Intervenção com os Sem-Abrigo do Concelho de Coimbra. Em caso de ser identificada patologia dermatológica, aquisição da terapêutica instituída ou orientação para consulta de Dermatologia. Em todos os casos sensibilização e educação para a importância dos cuidados com a pele. Material e métodos- Entre 24 de Fevereiro de 2018 e 19 de janeiro de 2019 foram avaliadas 111 pessoas em centros de acolhimento temporários de Coimbra (C.A.I.S., Farol, Casa Abrigo Padre Américo) e apoiadas pela equipa de rua Reduz, pelo Centro Municipal de Inserção Social e pelas associações Sol Nascente e VHIDA +. Além da observação dermatológica, eram recolhidos dados demográficos, peso e altura. Alguns participantes preencheram ainda o questionário DLQI. Resultados- As 111 pessoas avaliadas tinham uma média de idades de 47,0 anos, sendo 83,8% do sexo masculino, maioritariamente solteiros (60,7%) ou divorciados (29,9%), de nacionalidade portuguesa (86,5%) e com baixa escolaridade (63,9% com habilitações até ao 6º ano). As doenças de pele mais observadas foram eczemas, tinea pedis, onicomicose, dermatite seborreica e calosidades. Dos 54 sem-abrigo observados que preencheram o DLQI, a maioria (85,1%) referia pouco ou nenhum efeito sobre a sua qualidade de vida. Conclusão- A elevada prevalência de comportamentos aditivos e de patologia psiquiátrica nos sem-abrigo, a dificuldade no acesso a uma consulta de Dermatologia e o elevado custo, muitas vezes associado às terapêuticas dermatológicas são fatores limitantes nesta população que este projeto procurou minimizar.
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