Resumo: | Este artigo analisa o papel que é atribuído aos canais internacionais da televisão portuguesa (RTP Internacional e RTP África) na reconfiguração da área cultural multicontinental altamente dispersa que é o Espaço Lusófono. De acordo com alguns autores (inter alia, Lourenço, 1993; Baptista, 2000), esta construção pós-colonial preenche um espaço imaginário de nostalgia imperial, contribui para que os portugueses se sintam menos sós e mais visíveis no mundo. Martins defende que a Lusofonia é essencialmente território dos arquétipos culturais, uma espécie de base mítica que alimenta os sonhos colectivos (2004). Se o mito pode ser entendido como um fenómenos discursivo e se a língua define a realidade, pode argumentar-se que a Lusofonia é fundamentalmente uma classificação prática, concebida para produzir efeitos sociais. Neste texto, procura-se demonstrar que os políticos, das mais diferenciadas cores partidárias, estão convictos de que – através da representação diária da Lusofonia – a RTP Internacional e a RTP África desempenham um papel relevante no reconhecimento desta área cultural e que contribuem para a solidificação e para o desenvolvimento da Comunidade Lusófona.
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