Resumo: | A delinquência juvenil é, actualmente, um fenómeno crescente que tem um impacto directo nas nossas sociedades. Estes adolescentes encontram no crime e na violência um escape de uma história de vida marcada pelo sofrimento psíquico e por vivências traumáticas, nomeadamente ao nível familiar. Muitos estudos centram-se na delinquência juvenil masculina, mas será que as raparigas delinquentes olham da mesma forma para o crime e a violência, característicos do seu comportamento delinquente? Como será que rapazes e raparigas encaram a sua experiência de internamento em Centro Educativo? Será essa uma mudança com perspectiva futura? Optando por uma abordagem qualitativa e com base num guião semi-estruturado, entrevistámos 18 rapazes e raparigas, com idades compreendidas entre os 14 e 18 anos, a cumprir medida de internamento num Centro Educativo. Com o intuito de compreender se existem diferenças nas suas percepções subjectivas relativas aos temas considerados, demos voz aos protagonistas de ambos os géneros. As 18 entrevistas transcritas constituíram o corpus para a análise de conteúdo. No tema do crime, as raparigas debruçam-se sobre as causas dos comportamentos delituosos, sendo que os rapazes expõem claramente que o objectivo principal é a aquisição de bens materiais, mesmo que para isso tenham que usar a violência. Ambos os géneros referem-se à mudança experienciada durante o internamento, se bem que as raparigas estão mais ligadas à escola e à mudança efectiva que os rapazes. Concluímos que existem diferenças entre os géneros relativamente à vivência da delinquência juvenil, devendo estas ser consideradas nos programas de intervenção.
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